São Paulo, domingo, 22 de janeiro de 1995 |
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Esquema Palmeiras vai chegar ao Mercosul, acha Waldir Espinoza
HUMBERTO SACCOMANDI
Gaúcho, ex-jogador, "educado nos campos de futebol", Espinoza aposta na sua experiência para vencer seu desafio em São Paulo e seu segundo mundial de clubes. O PODEROSO A parceria com a Parmalat deu ao Palmeiras a possibilidade de fazer grandes contratações. Isso diminuiu para os outros clubes. Em vários Estados há equipes bem organizadas, mas que vivem um momento difícil. A grande vantagem do Palmeiras foi esse salto à frente em termos de contratação. O COSMOPOLITA Sempre desejei morar em São Paulo. Meus hábitos são mais de cidade grande do que do interior. Mas me adapto bem. Quando chego a um lugar, não trago a minha música para que os outros dancem. Eu ouço, vejo o que se está dançando e procuro acertar o passo. O EXPERIENTE Tive dois anos na Arábia Saudita. Muitos acham que não se aprende nada lá. Acho que é lá que se aprende. Você é mais exigido, tem de ensinar mais. Tenho alguns títulos, entre eles a Libertadores e o Mundial de Tóquio pelo Grêmio. Independente disso, estou sempre aprendendo. O DEMOCRATA O título no Palmeiras tem de ser de todos, da Parmalat, do clube, dos jogadores, do técnico e da torcida. Essa é a idéia que queremos passar. Eu nunca fui a peça principal das minhas conquistas. Existem formas de se obter disciplina. A minha é o diálogo. Tem um ditado que diz: "O cavalo dá coice pois não sabe falar". Se pudesse falar não daria coice. Não gosto de robôs, que só obedecem. Se você começa, fora do campo, a tirar personalidade dos jogadores, se fica acima deles, sufocando-os, eles não vão saber reagir em campo. Não gosto de monólogos. Não sou dono da verdade. E crítica pública não admito, mesmo porque não as faço. O PSICÓLOGO Todas as equipes se preocupam com o caráter de um jogador contratado. Mas há os fora-de-série. O Edmundo é um fora-de-série. Ele tem uma maneira de ser, de ver, que temos que entender. Você tem de conhecer o bom dia deles pela manhã, se veio bem ou soou mal. O Edmundo é rebelde, dizem. Não vejo rebeldia nele. O ECONOMISTA As pessoas acham que o cofre da Parmalat está aberto e é só pegar o dinheiro e comprar. Não é assim. Os investimentos são cuidadosos, buscando uma futura venda. É tudo profissional, criterioso. Assim a Parmalat é uma potência. Não diria que os jogadores estão inflacionados. Eles procuram se valorizar. Os clubes às vezes é que cometem erros. Ninguém perde um time do dia para a noite. Quem sente a decadência primeiro começa a se reparar. Quem não sente, vai até o fundo do poço. É difícil achar um jogador brasileiro de seleção por menos de US$ 3,5 milhões. O Mancuso (US$ 1,65 milhão) não veio só porque era mais barato, mas isso influenciou. É o Mercosul no futebol. O TORCEDOR A segurança é um fator fundamental na crise de público no Brasil. Mas só há uma maneira de atrair torcida: é ter um bom time. Nos EUA você vai ver um jogo, tem todo um espetáculo. Aqui pode haver shows, mas a atração da festa são os bons times. O POPULAR O sucesso não aborrece, não muda a minha vida. Trato o torcedor com muito carinho, é minha obrigação. Aqui não está só o Espinoza, está o Espinoza treinador do Palmeiras e da Parmalat. Qualquer deslize e posso atingir a imagem do clube e da empresa. Tenho duas palavras boas para períodos de sucesso e de baixa: isto passa. Sempre me lembro disso. O ESTETA Hoje está mais difícil jogar um futebol bonito e vencer. Para dançar bonito, os dois parceiros têm de dançar bem. Se um dançar mal, não dá. Há adversários que só se defendem. Se um time só se defende, o jogo deixa de ficar bonito. Mas o bonito é relativo. Jogar sério, para vencer, é jogar bonito. Não é o drible desnecessário, o toque a mais. O bonito é simples. O POLÍTICO O Brasil sempre viveu expectativas: agora vai. Como no governo Collor, que seria a redenção. Não foi. O brasileiro tem um poder muito grande de assimilação e criou uma nova euforia, que estamos vivendo hoje. Só que com um homem altamente capacitado. Acho que FHC é a cara do Brasil, uma cara limpa e alegre. O LIBERAL Não me sinto embaraçado pelo meu salário. Não cheguei aonde estou do dia para a noite. E não ganho o bastante para resolver o problema de todos. Quanto ao salário mínimo, é claro que seria ótimo se todos tivessem salários japoneses, mas quem pagaria a conta no segundo mês? (HuSa) Texto Anterior: Para Nevio Scala, o modelo Parma é a 'salvação' do futebol italiano Próximo Texto: Mudanças no Paulista-95 estimulam o jogo violento Índice |
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