São Paulo, domingo, 22 de janeiro de 1995
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A chance

DALMO MAGNO DEFENSOR
ESPECIAL PARA O TV FOLHA

Dia do Trabalho, e mais uma vez estou a postos, semi-acordado, para ver a Fórmula 1.
Desde o primeiro campeonato do Piquet, em 1981, perdi poucos GPs, mas não tem sido agradável manter o hábito. Há escassez de disputa e de bons pilotos, e esse irritante narrador insiste em ocupar meu lugar de torcedor. Receio que, num domingo desses, ele me tome o controle remoto e me expulse do sofá.
Logo no início, Senna bate na Tamburello. Assisto apreensivo ao resgate. Não é incomum pilotos ficarem desacordados após acidentes, mas aquela sinistra poça de sangue me assusta. Uma amiga telefona: "Você está vendo?", pergunta. "Estou. Acho que ferrou".
Chateadíssimo, assisto o resto do GP ansioso por notícias, que não vêm. Vou com Marina buscar minha sobrinha Marília, e levo-as para ver "Os Aristogatas". Na saída do cinema, o porteiro informa que Senna morreu.
Fico dois ou três dias meio "fora do ar", muito triste, com as fantásticas atuações de Senna em sessão contínua na mente. Melhor piloto, e de volta ao melhor carro, havia 99,9% de chances dele acabar quebrando os recordes que ainda anão eram seus, superando até o lendário Fangio. Mas o traiçoeiro e tragicamente democrático 0,1% continua fazendo acontecer o impossível e abortando o absolutamente garantido.

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