São Paulo, segunda-feira, 23 de janeiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Campanha prega fim do banco

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A campanha "50 Anos São o Suficiente", patrocinada por organizações não-governamentais dos EUA com o objetivo de eliminar o BIRD e o FMI, aproveitou a coincidência de data entre o relatório e a crise mexicana.
"O que aconteceu no México pôs por terra toda a teoria do Banco Mundial. O sucesso que o relatório trombeteia acaba de ser desfeito pela crise mexicana", diz John Cavanagh, do Institute for Policy Studies.
"A festa acabou. Claramente, a América Latina é a região em que o Banco mais errou. Alardeado pelo Bird como modelo de crescimento e progresso, o México atraiu investimentos e deu no que deu", diz Cavanagh.
Cerca de US$ 100 bilhões partiram dos EUA para o México nos últimos cinco anos na forma de investimentos ou empréstimos. Depois da crise, em um primeiro momento, os EUA procuraram coordenar o oferecimento de mais US$ 18 bilhões para contorná-la.
Isso não foi suficiente. Agora, o presidente Bill Clinton tenta convencer o Congresso a colocar à disposição do México US$ 40 bilhões na forma de garantia para novos empréstimos imediatos.
Cavanagh afirma que "o fato de o Banco divulgar relatório que não faz qualquer menção à possibilidade do desastre que estava acontecendo demonstra que seus dirigentes perderam o senso do constrangimento".
Ele argumenta ainda que "a política de encorajar o mercurial investimento especulativo mostra que o Banco se preocupa apenas com os mercados financeiros, não com o bem-estar da classe média e dos pobres dos países em desenvolvimento."
A campanha "50 Anos São o Suficiente" também condena trecho do relatório que fala em "crepúsculo da crise da dívida" e usa ainda uma vez o México em seu argumento.
A dívida externa mexicana pulou de US$ 118 bilhões para US$ 140 bilhões e pode chegar aos US$ 200 bilhões nas próximas semanas graças ao esforço internacional para salvar o peso.
Steve Hellinger, da Development Gap, outra entidade que patrocina a campanha, diz: "Assim como o México precipitou a crise da dívida dos anos 80 com sua falência em agosto de 1982, ele agora vai detonar uma nova crise da dívida com o colapso do preso em 1994."
(CELS)

Texto Anterior: Para Bird, a crise mexicana é isolada
Próximo Texto: América Latina fica mais dependente
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.