São Paulo, segunda-feira, 23 de janeiro de 1995
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As mulheres brilham e os homens voltam

Futebol feminino nos enche de orgulho

MARCELO FROMER NANDO REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

As grandes contratações para a temporada de 95 trazem de volta alguns jogadores que estiveram atuando fora do país durante os últimos anos. Mas por que estão de volta tantos jogadores que agora irão defender outras cores que não aquelas de outrora? De alguma maneira, só foram possíveis essas transações porque em seus devidos clubes algumas coisas não andavam lá muito bem.
Mesmo Romário, talvez a derradeira oportunidade de vermos novamente repleto o maior estádio do mundo, vinha não só jogando pedrinha no seu clube Barcelona, como acarretando problemas extracampo, funcionando como elemento desagregador.
Dentre os jogadores contratados pelo Corinthians, Elivélton e Bernardo são sem sombra de dúvida dois bons valores, mas pairam ainda algumas incertezas do que certamente poderão render. O fato de estarem sob a orientação do "austero" Mário Sérgio deve ser fator positivo e decisivo na carreira de ambos.
O Flamengo também trouxe de volta Mazinho, que terá agora sua chance maior. Ao lado dos atacantes Sávio e Romário, é só prestar atenção e usar os pés, e, principalmente, a cabeça.
Minas Gerais ressuscitou Taffarel, que estranhamente depois do sucesso na Copa do Mundo dos EUA, ficou desempregado.
Se não teve muito trabalho durante toda a campanha do tetracampeonato, no último jogo sua participação foi decisiva, e esta nova situação tem de ser agarrada de qualquer forma, afinal este é seu ofício: agarrar.
Só esperamos que não tenha sido o distintivo o maior responsável por sua volta: o galo.
E quem não tem absolutamente desperdiçado chances nem oportunidades são as meninas da seleção brasileira de futebol. A saraivada de gols desferidos contra nossas adversárias sul-americanas e a habilidade de nossas craques têm chamado atenção por sua plasticidade.
Os gols não têm sido apenas e somente a confirmação de nossa infinita superioridade, e sim verdadeiras pinturas.
Toda a trama, as metidas de bola, os dribles de corpo, as cobranças e execuções de faltas e pênaltis, enfim, até se converter em bola na rede, o trajeto todo tem sido coroado de belíssimas jogadas.
A categoria de Sissi resgatando o brilho de uma camisa 10, o oportunismo em gol de Pretinha, a ginga de Michael Jackson fazem crer que não devem em nada a uma seleção composta por homens.
O futebol que vem apresentando a nossa feminina seleção nos enche de orgulho e esperança. Tomara ganhem espaço definitivo no cenário mundial do futebol estas seleções formadas por elas.
A atuação destas mulheres tem sido tão impressionante que um confronto delas contra qualquer seleção masculina, por mais que improvável, seria deveras interessante. Talvez somente a simples tradução do que ocorre na vida real. Um confronto sem vencedores.

MARCELO FROMER e NANDO REIS são músicos da banda Titã

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