São Paulo, sexta-feira, 27 de janeiro de 1995
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Governador e Baneser divergem sobre cortes

CARLOS MAGNO DE NARDI
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), 64, e o Baneser (Banespa Serviços Técnicos e Administrativos S.A) divergem sobre o número de funcionários da estatal já afastados do Estado.
Covas afirma já ter devolvido para o Baneser 9.252 funcionários -o que caracterizaria o rompimento de contratos.
A assessoria de imprensa da estatal diz ter sido oficializado até agora o afastamento de apenas 2.136 funcionários que prestavam serviços a órgãos públicos.
O Baneser é uma subsidiária do Banespa e fornecia mão-de-obra para o Estado.
Para cada funcionário cedido era assinado um contrato. No total, 13.500 pessoas contratadas pela empresa trabalhavam no Estado.
Segundo Covas, dos 9.252 devolvidos pelo governo ao Baneser, 7.080 estão em aviso prévio e 2.172 já foram demitidos.
"A minha decisão de afastar já foi tomada. O funcionário pode cumprir aviso prévio, pode sair só daqui um mês mas isso não é problema meu, é do Baneser", disse.
Dersa
Segundo dados divulgados pelo governador, 367 funcionários do Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A) foram afastados até ontem à tarde.
Desse total, 125 são do quadro próprio da empresa e 242 terceirizados (contratados através de empresas de prestação de serviços).
A meta inicial do governo era afastar entre 1.000 e 1.500 funcionários do quadro próprio da Dersa.
Até o próximo dia 1º de fevereiro, as dispensas, segundo Covas, atingirão um patamar próximo ao menor número estabelecido.
"Você toma a decisão (pelos cortes) e, a partir daí, cria condições para serem efetivadas. Pelas exigências isso não é feito de um dia para o outro".
O governador disse que até ontem à tarde não dispunha dos dados sobre a economia gerada pelas demissões no Dersa.
Viagem
Covas participou ontem pela manhã, em Santos (72 km a sudeste de São Paulo), de missa comemorativa ao 156º aniversário do município, celebrada pelo cardeal arcebispo de São Paulo, d. Paulo Evaristo Arns.
Durante a missa, celebrada no Santuário Santo Antônio do Valongo, alguns funcionários públicos protestaram contra os baixos salários praticados pelo governo estadual.
Santos (cidade natal de Covas, que fica no litoral paulista) foi o primeiro município do Estado a ser visitado por ele depois de assumir o governo.
À tarde, o tucano recebeu no Palácio dos Bandeirantes (zona sul de São Paulo), seu colega de Mato Grosso, Dante de Oliveira (PDT).
Durante o encontro, ambos decidiram reivindicar do governo federal liberação de verbas para as obras de construção de uma ferrovia entre São Paulo e a região Centro-Oeste, a "Ferronorte".
A verba prevista para a obra pelo orçamento da União de 95 foi cortada por determinação do Ministério do Planejamento.
"Em função da sua importância, o governo federal tem que se lembrar dessa obra na hora que definir investimentos", disse Covas.

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