São Paulo, sexta-feira, 27 de janeiro de 1995
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Inspeção condena 39 laboratórios

GILBERTO DIMENSTEIN; ALEXANDRE SECCO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Inspeção realizada pela Vigilância Sanitária em 45 laboratórios farmacêuticos de São Paulo entre agosto de 93 e dezembro de 94 condenou 39 –87% dos visitados.
Alguns motivos listados: "falta de ordem e higiene nos depósitos de materiais " e "sanitários em área inadequada, com acesso através da área de produção". Na maior parte dos casos, os locais foram encontrados em "condições não ideais de funcionamento".
Em um deles o manuseio de substâncias diferentes, como antibióticos e hormônios, era feito em locais próximos. Nesse caso os remédios podem acabar misturados.
Apenas seis laboratórios estavam em boas condições. Dos 39 condenados, 11 já estavam se adequando às exigências da vigilância quando foram inspecionados.
O documento obtido pela Folha serve como amostra do que o Ministério da Saúde vai encontrar quando, em fevereiro, começar o recadastramento da indústria farmacêutica (leia texto abaixo).
São Paulo tem cerca de 400 laboratórios. No Brasil eles são 600, cifra que não inclui os fantasmas, que produzem remédios piratas.
O presidente da Associação das Indústrias Farmacêuticas, José Eduardo Bandeira de Mello, disse ontem que no Brasil a tradição é a "licenciosidade" na autorização de funcionamento de laboratórios.
Ele disse estar convencido de que, por trás dessa "licenciosidade", operava um "esquema de corrupção" na Vigilância Sanitária, responsável pela autorização.
A autorização não era apenas para operação de laboratórios, mas também para registro de medicamentos. "Remédios sérios ficam dois anos sem conseguir registro, e outros, sem qualidade, ganham rapidamente a autorização."
A situação se agrava, segundo ele, porque não existe praticamente fiscalização. "É o circuito completo da impunidade", afirmou.
Mello se encontra na próxima semana com o novo chefe da Vigiliância Sanitária, Elisaldo Carlini.
Ele vai oferecer apoio para a formação de mão-de-obra para fiscalização. Segundo Mello, "interessa" às indústrias sérias não serem confudidas com "quadilhas".
Daí, acrescentou, seu empenho em ajudar na formação de fiscais. "Se o governo quiser formá-los, por exemplo, nos EUA, estamos dispostos a apoiá-los."

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