São Paulo, sexta-feira, 27 de janeiro de 1995 |
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Caso Simpson não é só para sensacionalistas
BARBARA GANCIA
Esse juiz está de brincadeira ou nunca ouviu falar em comunicação de massa? O caso Simpson é simplesmente a história jornalística mais quente do final do século. Adultério, drogas, violência doméstica, estrelato, racismo, Justiça: a história contém a maioria dos ingredientes que garantem o fim do mês de quem vive de divulgar notícia. Até a última quarta, tudo indicava que o assassinato teria sido cometido por Simpson, resultado de um coquetel de ignorância, fúria e cocaína. Mas a cara defesa contratada pelo réu (US$ 30 mil ao dia para cada advogado e assitente) surpreendeu. Na quarta, em seu depoimento inicial, Johnnie Cochran, advogado de "Owejay" que defendeu Michael Jackson no caso de molestamento, revelou que irá produzir uma testemunha que viu quatro homens encapuzados fugindo do local do crime. Pela primeira vez desde que Simpson foi indiciado, portanto, surge a possibilidade de ele não ser culpado de matar a mulher. Pois bem: digamos que a caríssima equipe contratada por Simpson consiga sua absolvição. Ela só terá sido bem sucedida porque O.J. tem grana para bancar uma defesa que involve custos altíssimos de investigação e pessoal. Se ele fosse pobre, dificilmente conseguiria se safar. Mesmo sendo inocente. Afinal, além de todas as provas apresentadas contra ele, até agora, Simpson não produziu um álibi, teria motivos de sobra para praticar o crime e teve a oportunidade de fazê-lo. Eu pergunto: esse caso coloca ou não em xeque a Justiça, não só a norte-americana, mas a nossa e outros sistemas na mesma linha? Escreva: depois do julgamento de Orenthal James Simpson, nada será como antes. Texto Anterior: Jatene promete fiscalização Próximo Texto: Ilha de "Caras"; Párias; Horror Índice |
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