São Paulo, sexta-feira, 27 de janeiro de 1995
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Mercosul

A maioria absoluta dos brasileiros, segundo sugere uma pesquisa do Datafolha feita em São Paulo e Porto Alegre, jamais ouviu falar ou, se ouviu, não sabe o que é o Mercosul. Apesar disso, esse acordo já vem gerando efeitos concretos seja para empresas e consumidores brasileiros, seja para a inserção do país no contexto mundial.
É reconhecendo a importância da integração do Cone Sul que esta Folha publicou ontem a revista especial "Mercosul" produzida em parceria com o jornal "Clarín", da Argentina, fazendo um balanço do percurso cumprido desde 1991.
Não se pode, é evidente, ignorar as limitações de um acordo entre países relativamente pobres enredados ainda em delicados e incertos processos de estabilização. Mais ainda, a crise mexicana colocou sombras sobre o horizonte de Brasil e Argentina, adicionando mais incerteza à evolução do Mercosul.
Ainda assim, a união aduaneira é hoje uma realidade palpável. Para muitas empresas, a escala do mercado mudou. Com a derrubada das tarifas internas, são agora 190 milhões de consumidores, sendo que os argentinos, embora apenas 33 milhões, têm renda per capita duas vezes maior que a brasileira.
A indústria nacional parece bem posicionada para competir no novo mercado. Já áreas como a agricultura e agroindústria terão uma concorrência mais acirrada. O desempenho de cada empresa, porém, vai depender da sua competitividade e capacidade de adaptação.
O comércio intra-regional, de todo modo, passou de US$ 4 bilhões em 91 para US$ 12 bilhões em 94. A importância do Mercosul nas exportações brasileiras mais que triplicou nesse período, ao passo que 320 empresas nacionais investiram US$ 1,5 bilhão só na Argentina.
No âmbito global, mesmo que o espectro mexicano afugente uma aproximação econômica com países ricos, as recentes conversações com a União Européia e o Nafta mostram que o Mercosul, no mínimo, dá a seus membros um novo peso e poder de negociação.
Os avanços da integração até aqui são respeitáveis. Agora, porém, os obstáculos internos cresceram e a evolução do Mercosul vai depender de como Brasil e Argentina conseguirão equacionar seus planos de estabilização nas novas condições mundiais.

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