São Paulo, sexta-feira, 27 de janeiro de 1995
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Cuidado

GILBERTO DIMENSTEIN

BRASÍLIA – Desde dezembro do ano passado, a informação é guardada sob sigilo na polícia paulista e num dos mais importantes laboratórios instalados no Brasil –a Rhodia. Apesar da gravidade, até agora a opinião pública não foi advertida.
Medicamento largamente usado por crianças e adultos no combate a alergia, o Fenergan injetável, fabricado pela Rhodia, foi falsificado e espalhado em farmácias. A polícia está na caça da quadrilha.
Motivo alegado do sigilo: pegar a quadrilha. A Rhodia afirmou ontem à Folha ter sido orientada pela Vigilância Sanitária a manter silêncio até que a polícia descobrisse os criminosos. Compreensível, mas não justificável.
Problema: alguém pode, neste momento, estar consumindo inadvertidamente o remédio falsificado. Daí esta coluna ser forçada a voltar hoje ao assunto. Não pára por aí.
A Vigilância Sanitária de São Paulo informa a esta coluna que a falsificação de remédios se propaga pelo país, comercializados nas farmácias –a maioria delas em São Paulo, segundo já divulgou a Folha, não tem farmacêuticos.
A Associação das Indústrias Farmacêuticas (Abifarma) revela que as falsificações estão cada vez mais sofisticadas e, na maioria das vezes, impunes. Informa que medicamentos falsos destinados a combater infecções parasitárias inundaram Estados do Sul do País –especialmente o Paraná.
As polícias de vários Estados indicam que prosperam grupos organizados apenas para roubar cargas com matérias-primas químicas destinadas à produção de remédios. Daí o mercado negro das falsificações.

PS – Já que o assunto é saúde: sensata a posição do ministro Adib Jatene sobre o cigarro. Aumentam-se os impostos para subir o preço e, assim, desestimular o consumo. Ao mesmo tempo, tira-se o produto da lista que mede a inflação oficial. Bem diferente da proposta da indústria tabagista, mostrando-se espertamente preocupada com a saúde da inflação. Quer a redução de impostos: baixaria o preço e, assim, ajudaria no combate à inflação.

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