São Paulo, domingo, 29 de janeiro de 1995
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Genoíno reconhece favoritismo do adversário

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado José Genoíno (PT-SP) mantém a sua candidatura à Presidência da Câmara, mesmo reconhecendo o favoritismo de Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), principalmente após a definição do apoio do PMDB.
Genoíno diz que vai para a disputa "em torno de idéias reformadoras da Casa".

Folha - O apoio do PMDB a Luís Eduardo define a eleição na Câmara?
José Genoíno - Existem muitos descontentes no PMDB com quem estou conversando. Eu me coloco como candidato alternativo. Mesmo considerando o favoritismo do Luís Eduardo, nada me impede de disputar no voto secreto uma votação significativa em torno de idéias reformadoras da Casa. Não estou disputando para ter um cargo, mas para dar força a um programa de reforma.
Folha - O que levou Luís Eduardo a esta condição de favorito?
Genoíno - Em primeiro lugar o apoio do governo. Em segundo lugar o fato de o PMDB ter cometido um ato de um partido pequeno. É o maior partido e busca uma fórmula para abrir mão deste seu poder. Está negociando como pequeno partido. A disputa deveria ser politizada. O candidato favorito tem que se expor, dizer o que vai fazer.
Folha – O Luís Eduardo não falou o que pretende fazer como presidente da Câmara. O que o senhor espera dele como presidente?
Genoíno - Só posso falar sobre isso após o dia 2, após a eleição.
Folha - Se ele for eleito, terá condições de mudar alguma coisa em relação ao deputado Inocêncio Oliveira?
Genoíno - Eu reconheço que o Luís Eduardo tem uma personalidade diferente. Teve uma experiência no parlamento não vinculada a estas coisas do corporativismo, comissão do orçamento... Mas a minha dúvida é que, com esta composição da Mesa, com a falta de debate das propostas, o compadrio e a acomodação de interesses menores acabem definindo uma gestão na Câmara. A Mesa não pode continuar sendo uma administradora de apartamentos, passagens aéreas, torneiras. Tem que ser um colegiado político. Ou se rompe o compadrio e o corporativismo da instituição ou não reformamos ela.
Folha - Um dos vícios do parlamento é o nepotismo (contratação de parentes). O senhor, como presidente, proporia acabar com isso?
Genoíno - Eu não só proponho a extinção deste tipo de coisa, como estou propondo um sistema de valorização do deputado. Vou mostrar que, ao proibir contratação de parentes, ao diminuir o poder da alta burocracia da Casa, vou criar condições para o deputado exercer o mandado, com a informatização do gabinete, com ele recebendo a pauta previamente, não sendo um boi de presépio, com o colégio de líderes decidindo tudo.

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