São Paulo, domingo, 1 de outubro de 1995
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Cai porcentagem de veículos feitos no ABC

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

A fatia do ABC na produção nacional de veículos está encolhendo ano a ano.
Em 75, do total de veículos produzidos no Brasil, 74,4% eram feitos em empresas no ABC. Em 94, a participação do ABC na produção nacional caiu para 35,8%.
Os dados foram obtidos com exclusividade pela Folha junto à subseção do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
``A descentralização é natural", afirma Jefferson José de Conceição, economista do Dieese.
Em 75, 72,5% dos empregados pelas montadoras estavam no ABC. No ano passado, 54,6%.
Conceição, que está finalizando estudo detalhado sobre a região, acredita que a escassez de terrenos e o grande número de áreas mananciais sob o crivo do controle ambiental tem impedido, fisicamente, a instalação de novas montadoras na região ou a ampliação das unidades já existentes.
``A proximidade do porto de Santos, hoje um dos mais caros e lentos de país, também deixou de ser uma vantagem para o ABC. Nas décadas de 50 e 60, quando a região teve grande expansão, a situação era outra", diz Conceição.
Os incentivos fiscais praticados nas décadas de 50 e 60 também já não existem mais, afirma. E outros Estados entraram na ``guerra fiscal que não beneficia ninguém", diz.
O economista do Dieese acredita, no entanto, que a política atual das montadoras, de trazer para perto os fornecedores, pode gerar empregos.
Muitos cortes de postos trabalho nas produtoras de veículos também foram decorrentes de políticas de terceirização de atividades, o que não significa, necessariamente, desemprego -alguns demitidos passaram a trabalhar nas prestadoras de serviço.
Esses empregos em fornecedores e empresas terceirizadas, porém, são de ``qualidade inferior" aos praticados pelas montadoras, afirma Conceição.

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