São Paulo, domingo, 1 de outubro de 1995
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Fórum tenta conter retração econômica

DA REPORTAGEM LOCAL

Sindicalismo e indústria chegaram a uma conclusão comum no ABC: a deterioração econômica da região é ruim para todos.
Na busca de soluções para os problemas da região, surgiu, há dois anos, o Fórum da Cidadania.
O fórum reúne diretorias regionais do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), CUT, Sindicato dos Metalúrgicos, Ordem dos Advogados do Brasil e até ambientalistas, num total de cerca de 72 entidades da sociedade civil.
As discussões giram em torno da ``guerra fiscal" -a região deve entrar nela ou não para atrair novos investimentos?-, dos problemas da infra-estrutura saturada, do elevado preço da terra para novos investimentos industriais, a escassez de água para certos tipos de projeto, a deficiência das telecomunicações e até de que tipo de investimento a região precisa atrair.
"A gente vem discutindo intensamente as maneiras de reverter essa tendência, diz Fausto Cestari Filho, diretor regional do Ciesp em Santo André e integrante do Fórum. Segundo Cestari Filho, o ABC precisa "rediscutir seu dia-a-dia".
Um dos pontos em discussão é incrementar o comércio da própria região. "A maneira de manter as pequenas indústrias seria fazer com que as grandes empresas intensificassem suas compras na própria região", diz.
Algumas iniciativas nesse sentido já começaram. A Rhodia, conta, chegou a essa conclusão há três anos. De lá para cá, aumentou de 10% para 40% a parcela de matérias-primas e insumos que adquire no próprio ABC.
"A sociedade está reagindo", afirma Maria do Carmo Romeiro, coordenadora do centro de pesquisa do Instituto Municipal de Ensino Superior (Imes), de São Caetano. "Como o Estado está atrofiado, não se pode esperar dele as soluções".
Ela acredita que, se o ABC encontrar a solução para tantos problemas, poderá servir de referencial para outras regiões que estejam passando por um processo de industrialização acelerado.
Para a economista, a vocação local é para a indústria de ponta. Como viabilizar a instalação desse segmento com as necessidades de emprego e infra-estrutura é o ponto central da discussão.
"No fundo, o problema maior é um certo estigma de que o ABC tem problemas sindicais", diagnostica o secretário de Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, Emerson Kapaz.
"O sindicalismo já percebeu isso e está disposto a buscar soluções em conjunto com a indústria, diz, em referência à parceria capital-trabalho. "É inevitável rever a vocação econômica da região."
Além do Fórum da Cidadania, Kapaz quer "lançar as bases para um grande acordo" a partir do programa de ação que o governo do Estado lança nesta terça-feira (leia à pág. 1-16) e resolver a questão do "custo São Paulo" (os gastos necessários para a indústria investir no Estado).
O secretário promete pôr em discussão problemas que afligem a economia paulista, como o estrangulamento da infra-estrutura (sobretudo transporte e telecomunicações).
Para isso, serão criadas câmaras setoriais, disse. A primeira delas deve se reunir em torno do porto de Santos, o maior, mais caro e mais problemático do país.
A idéia é chamar os interessados para discutir formas de reduzir os custos de operação do porto.

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