São Paulo, domingo, 1 de outubro de 1995
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TV por satélite é o negócio do século 21

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O meio de comunicação da década de 90 nos EUA é, sem dúvida, a TV paga. Mas o século 21, dizem alguns, pertence à TV por satélite.
O sistema conhecido como DBS (Direct Broadcast Satellite) começou a ser comercializado em junho de 1994 e já tem 1,4 milhão de assinantes.
A rapidez de sua aceitação neste período de um ano é que leva muita gente a acreditar que o futuro é DBS.
A MCI Communications Corporation, por exemplo, maior competidora da AT&T no setor de telefonia à distância, está pronta para colocar US$ 1 bilhão para entrar na disputa de mercado.
Por enquanto, três empresas têm concessão para oferecer programação via DBS: a DirecTV (unidade da General Motors), a USSB (United States Satellite Broadcasting), de um grupo de empresas liderado pela Hubbard Broadcasting de Minneapolis e da qual faz parte a Dow Jones, que edita ``The Wall Street Journal" e a PrimeStar, que ainda não está operando.
A MCI, que injetou em maio deste ano US$ 2 bilhões no grupo News Corporation-Fox, do empresário Rupert Murdoch, está tentando obter a concessão que agora pertence à PrimeStar.
A PrimeStar pertence ao grupo Advanced Communications. Em maio deste ano, após ter adiado por dois anos sua entrada em operação, ela perdeu em primeira instância a concessão.
A MCI está exigindo na justiça que uma nova concorrência seja aberta para a licença em poder da PrimeStar.
Mas a TCI, a líder do setor de TV paga nos EUA, acaba de investir US$ 45 milhões na PrimeStar e tenta ganhar tempo para entrar no mercado do meio de comunicação que ameaça a TV paga.
A PrimeStar por enquanto opera num sistema híbrido. Ela fornece programação via satélite para operadores de TV paga que, por sua vez, a retransmitem para as casas dos usuários.
Segundo a PrimeStar, ela tem 550 mil assinantes para o seu sistema que oferece 73 canais de TV.
Muita gente duvida que o sistema DBS venha a ser muito popular. Afinal, ele exige do consumidor investimento inicial de US$ 700 a US$ 900 pela pequena parabólica do tamanho de uma pizza e mensalidades de US$ 35 a US$ 50.
É muito mais do que a TV paga, que demanda um investimento inicial de menos de US$ 50 e mensalidades em média de US$ 21.
Em compensação, o DBS oferece mais: 150 canais de TV e dezenas de canais de áudio, em comparação com de 20 a 60 canais de TV.
Os críticos do DBS dizem que quase todos os 1,4 milhão de assinantes obtidos este ano se encontram em áreas rurais não atingidas pela TV paga.
Mas os que apostam na sua potencialidade afirmam que pelo menos 10 milhões de pessoas aderirão a ele antes do final do século.
Argumentam que cada nova tecnologia de comunicação tem se universalizado com velocidade maior do que a anterior a partir do momento de sua introdução: levou 18 anos para os aparelhos de TV em cores chegarem a 40% dos domicílios dos EUA desde 1958 mas apenas 10 anos para os toca-discos em CD chegarem aos mesmos 40% a partir de 1983.
As antenas parabólicas do sistema DBS são fabricadas pela Thomson Consumer Electronics, unidade da Thomson francesa. A Sony estava concorrendo com a Thomson mas interrompeu sua participação no mês passado por dificuldades de fabricação. As antenas da Thomson têm a marca RCA.
A entrada da MCI no mercado pode ser o principal fator de estímulo para o sistema DBS. Ela diz ter nas mãos os US$ 300 milhões que se calcula necessários para vencer a concorrência da concessão por meio de leilão.
O satélite da MCI também já está comprado e, se for utilizado, também vai servir para transmitir dados para sistemas de computadores pessoais e de empresas.
A MCI vai se valer do seu investimento de US$ 2 bilhões na News-Fox para obter dela a maior parte programação que vai oferecer a seus assinantes.
A Comissão Federal de Comunicações (FCC, em inglês) deve decidir em outubro se vai abrir nova concorrência para a concessão da PrimeStar.
Intensa luta de bastidores está sendo travada por lobistas da TCI e MCI, com diversos senadores influentes tentando também exercer pressão sobre a FCC em favor de seus preferidos.
(CELS)

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