São Paulo, domingo, 1 de outubro de 1995 |
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Montadoras mantêm planos de expansão
ARTHUR PEREIRA FILHO
A indústria brasileira deve chegar ao ano 2000 com produção anual entre 2,5 milhões e 3 milhões de veículos. A previsão, feita pelas próprias montadoras, significa crescimento de até 90% em relação à produção do ano passado (1,58 milhão), recorde histórico. O objetivo é estar entre os cinco mais produtores mundiais no ano 2000. Atualmente o Brasil ocupa o nono lugar. Para atingir esse resultado, cálculos da indústria indicam que serão necessários investimentos entre US$ 9 bilhões e US$ 12 bilhões nos próximos seis anos. Até agora as quatro montadoras de carros -Volkswagen, Fiat, General Motors e Ford- já se comprometeram a investir um total de US$ 8 bilhões. Marcas ainda sem fábricas de carros no país (Renault, Hyundai, Mercedes-Benz) também já anunciaram investimentos no país até o final da década. Os planos da Volkswagen e da Ford são idênticos: US$ 2,5 bilhões até 99. A GM vai investir US$ 2 bilhões até 98. A Fiat se mantém no curto prazo: US$ 1 bilhão até o final de 96. Em relação a esses investimentos, diretores das quatro empresas são claros: não há nenhuma possibilidade de adiamento. ``A GM mantém o plano de investir US$ 2 bilhões até 98", afirma José Carlos Pinheiro Neto, diretor de Assuntos Corporativos da montadora. Célio Batalha, diretor de Assuntos Governamentais da Ford, reafirma a intenção da empresa de aplicar US$ 2,5 bilhões até 99. Pacifico Paoli, diretor-superintendente da Fiat Automóveis, diz que a empresa não vai adiar investimentos. A montadora não divulgou planos de longo prazo. Silvano Valentino, presidente da Anfavea (associação das montadoras), considera os investimentos anunciados ``vitais para garantir a competitividade". ``A busca da competitividade é um desafio mortal para as empresas. É por isso que ninguém admite postergar investimentos", explica Valentino. Para o presidente da Anfavea, existem ``perigos" que podem ameaçar os investimentos. ``Atualmente o custo de produzir um veículo no Brasil é 25% maior do que em outros países". Para Valentino, as reformas estruturais, em especial a reforma tributária, são fundamentais. ``Se fosse possível acelerar o processo, seria melhor. Mas compreendo que as mudanças não podem ser feitas com uma varinha mágica". No curto prazo, o que mais preocupa os diretores das montadoras é a falta de crédito, que provoca queda de vendas, aumento de estoques e obriga as empresas a reduzir produção e, em alguns casos, demitir funcionários. Existem atualmente cerca de 225 mil carros nacionais e importados estocados. Valentino diz que o governo ``não pode continuar abusando do setor automotivo para controlar crises conjunturais". Para o presidente da Anfavea, ``o governo está apavorado com a possibilidade de retomada da inflação". Apesar disso, Valentino se diz otimista: ``O governo dá sinais que compreende as dificuldades do setor". Texto Anterior: Atraso nas reformas pode adiar investimento externo Próximo Texto: Reforma do Estado: hora decisiva Índice |
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