São Paulo, domingo, 1 de outubro de 1995
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Novos fundos complicam gestão de caixa das empresas

As de menor porte terão mais dificuldades com os FIFs

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A partir de amanhã, errar a previsão do fluxo de caixa vai custar caro para as empresas.
Um exemplo: o novo FIF de curto prazo deve render, caso o CDI (taxa dos negócios de um dia entre bancos) fique em 3,05%, 1,28% em 30 dias. O FIF de 30 dias renderá 2,45%.
Assim, deixar o dinheiro por 30 dias no curto prazo, quando esses recursos deveriam ter sido investidos no FIF de 30 dias, vai gerar um prejuízo de R$ 18 em cada R$ 1.000 aplicados.
Rubens Tafner, presidente do Ibef (Instituto Brasileiro de Executivos Financeiros), sugere como providência imediata maior rigor na previsão de gastos e receitas, ``melhorando a qualidade das informações que os demais departamentos terão de passar para o financeiro".
Ele considera natural que as empresas pressionem os bancos para que sejam criadas contas garantidas (que funcionam como o cheque especial), vinculadas às aplicações feitas nos FIFs.
Mas, de fato, a nova estrutura vai impactar as empresas de forma muito diferente. Perde mais quem tem menos dinheiro.
Sérgio Coltro, gerente-financeiro da Gessy Lever, afirma que, no caso da sua empresa, ``as mudanças não alteram nada". A empresa lida com duas moedas (reais e dólares), tem o caixa equilibrado e acesso a crédito mais barato.
Com entradas diárias de R$ 12 milhões, Coltro diz que a Gessy apenas postergou a troca de dólares por reais, para sentir melhor o comportamento dos juros daqui para frente.
Dizendo que aplicar os recursos para o prazo de 60 ou 90 dias é ``coisa para investidor e não para empresas", o executivo lembra que as menores companhias vão enfrentar problemas. ``Elas não têm sobra de caixa."
Joseph Couri, do Simpi (que reúne micros pequenas indústrias), concorda.
``Nós não reivindicamos um juro melhor nas aplicações. A nossa briga é por uma taxa menor nos empréstimos, para podermos competir em uma economia aberta". A razão: segundo pesquisa do Simpi, feita em agosto, 54% das associadas estavam endividadas.
(JCO)

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