São Paulo, domingo, 1 de outubro de 1995 |
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Consequências dos juros
DEMIAN FIOCCA Se fosse para levar a sério o argumento de que o déficit criado pelo pagamento de juros e o decorrente aumento da dívida pública não são problemas graves, o programa econômico do governo FHC desmoronaria.Não haveria por que privatizar, se a dívida federal fosse considerada pequena. Não há motivo para cortar gastos na Previdência, em educação ou salários do funcionalismo, se o déficit público não importa. Ignorando portanto essa retórica de última hora, vejamos possíveis consequências da atual orgia financeira. 1) O governo tende a vender também as estatais cuja privatização não consta em seu programa, como a Vale do Rio Doce e a Petrobrás. E passa o resto do mandato cortando e adiando gastos sociais, não só por escolha, mas pelo constrangimento de conter o crescimento da dívida federal. 2) Há espaço para manter a taxa de câmbio sobrevalorizada. O persistente déficit do balanço de pagamentos em conta corrente pode ser financiado com a atração de capitais. Quando as privatizações e os recursos para atrair capital especulativo acabam, o país fica sob a ameaça de ficar sem divisas para cobrir o déficit externo, podendo cair em uma crise similar à do México. 3) O déficit público (imposto pelos juros também a Estados e municípios endividados) deteriora a credibilidade do governo e faz com que cada vez mais seja o próprio mercado a exigir taxas maiores. Isso pode fazer com que a dívida pública entre em trajetória explosiva, gerando inflação ou calote. Texto Anterior: Estados Unidos voltam ao topo tecnológico Próximo Texto: Financiando 1996 Índice |
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