São Paulo, domingo, 1 de outubro de 1995
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Bancos seguram taxas de olho na inflação

DA ``AGÊNCIA DINHEIRO VIVO

Preocupados com a recomposição das tarifas públicas, que se iniciou com o recente reajuste dos combustíveis, os bancos interromperam a queda das taxas de juros.
A inquietação tem uma explicação muito simples. Ao contrário do que vem sendo alardeado com insistência pela equipe econômica, pelo menos no caso dos combustíveis o aumento não levou em conta a estrutura de custos da Petrobrás.
Pegou-se o IPA-DI acumulado nos 12 meses de Plano Real -de julho de 94 a agosto de 95- e aplicou-se o percentual (26,25%) aos preços, descontando-se a economia obtida pela estatal na importação de petróleo graças ao artificialismo cambial.
No período, a Petrobrás comprou petróleo por um dólar médio de R$ 0,88. Suas despesas, por causa da apreciação do câmbio, foram reduzidas em 13,64%. Agora, pegue os 26,25% e desconte 13,64%. O resultado é 11,10%, o percentual do aumento para os grandes centros urbanos, que são os que contam.
A preocupação do mercado: e se o mesmo for feito com a energia elétrica, que pesa diretamente no IPC-Fipe mais do que a gasolina?
Se a eletricidade subir, no mês que vem, 26,25% (neste caso não há o que descontar) de uma vez só, o IPC pula de 1,53% para 2,55%.
Mesmo que o aumento seja diluído entre outubro e dezembro, o impacto mensal direto será de 0,31%. Ou seja, o IPC de outubro passa de 1,52% para 1,83%. Não dá para imaginar, face à cautela do Banco Central, queda acentuada dos juros com um repique desta magnitude.

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