São Paulo, domingo, 1 de outubro de 1995 |
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Saiba preservar o dinheiro ``antigo" dos commodities
GABRIEL J. DE CARVALHO
A partir de amanhã, o investidor deve tomar alguns cuidados para não esvaziá-lo rapidamente. ``Colchão de liquidez", um jargão do mercado financeiro, é o volume de dinheiro disponível para saque a qualquer dia, sem perda do rendimento. Embora a economia esteja mais estabilizada, e o juro em queda gradual, ter liquidez permite fechar bons negócios de momento e cumprir compromissos inadiáveis. No formato dos novos FIFs (Fundos de Investimento Financeiro), ainda haverá uma aplicação com liquidez imediata, o FIF de curto prazo. A rentabilidade desse FIF, porém, será muito baixa, ao contrário do que acontecia até agora com os fundos de commodities depois da carência inicial de 30 dias. O rendimento será até inferior ao dos antigos fundões porque, de cada R$ 100 aplicados, R$ 40 serão depositados no Banco Central sem render nada. Quem formou um ``colchão" deve, a partir de agora, fazer fluxo de caixa, aconselha Eduardo Santalucia, gerente do Banco de Investimentos Sudameris. Isso significa prever as futuras entradas e saídas de dinheiro, escolhendo depois as aplicações financeiras mais adequadas (ver página ao lado). Caso a caso A escolha de onde aplicar o dinheiro de agora em diante vai depender de cada caso concreto, do perfil de cada orçamento familiar, diz Santalucia. Suponha que você tenha R$ 20 mil aplicados num fundo de commodities que virou FIF de 60 dias. Foi esta a estratégia adotada pela totalidade dos administradores de fundos. Banco que não converteu o commodities em FIF-60 agora o fará até o final do ano. Acontece, entretanto, que essa ``poupança" -que está ou se tornará líquida em 30 dias- foi formada ao longo de muitos anos ou obtida na venda de algum bem. O salário em si, que continuará a entrar em seu bolso, é por hipótese de R$ 3 mil e vem sendo todo consumido ao longo do mês. Numa situação dessas, o salário de outubro deve ser aplicado num FIF de curto prazo. Renderá pouco, mas a alternativa é deixá-lo na conta corrente, com juro zero. O FIF de curto prazo deve dar algo em torno de 1,25% líquido para um juro efetivo do CDI (negócios entre bancos) de 3% ao mês. Se esse salário novo entrar num FIF de 30 ou 60 dias, os resgates (sobre cheques que você vai emitir) serão feitos sobre o FIF-60 que abrigou o ``colchão de liquidez". Agora, imagine uma outra situação hipotética, de alguém com salário líquido de R$ 5 mil, dos quais apenas 70% são consumidos pelas despesas correntes (supermercado, aluguel etc.). Dá para poupar 30%. Nesse caso, o dinheiro seria dividido: 70% iriam para um fundo de curto prazo e 30% para um FIF de 60 dias. Dependendo das despesas extras previstas para o final do ano, a parcela dos 30% também teria como opções o FIF de 30 dias (compulsório de 5%) ou a poupança e o CDB, que não tiveram mudanças. Texto Anterior: Bancos atendem só 10% da população Próximo Texto: Fundos tendem a ter perfis bem diferentes Índice |
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