São Paulo, domingo, 1 de outubro de 1995
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Brasileiro inova campanhas políticas

JAIR RATTNER

Publicitário introduz nova linguagem para a eleição portuguesa, com o nome dos candidatos em cartazes
Especial para Folha, de Lisboa
A novidade desta campanha eleitoral portuguesa foi a qualidade do marketing político. O responsável foi um brasileiro.
``Quando comecei, ninguém dizia que Guterres (Antônio, do Partido Socialista) poderia ganhar", disse o publicitário carioca Edson Athayde, 29.
O brasileiro já ganhou mais de 400 prêmios em Portugal e é diretor criativo, para a península ibérica, da agência Young & Rubicam.
Foi ele quem introduziu uma nova linguagem nas campanhas políticas do país. ``Os candidatos tinham vergonha de pôr o nome nos cartazes, colocavam apenas a fotografia``, afirmou.
Uma das inovações do publicitário brasileiro foi um outdoor em preto e branco em que aparecia apenas o nome do líder socialista.
Os concorrentes começaram a responder. O Partido Popular, de direita, contratou uma agência de publicidade para fazer sua campanha em outdoors, tentando ultrapassar o seu pequeno tamanho com criatividade.
A contra-ofensiva do partido governista, o PSD, não teve a mesma qualidade. Foi colocado um outdoor de Fernando Nogueira com um fundo de céu azul.
O PSD usou uma foto feita em campanha com Nogueira carregando uma criança. Mas o partido não colocou o nome do líder em nenhum cartaz.
As campanhas se basearam em comícios -cada candidato fazia quatro por dia- e contatos de rua. Em cada cidade, os comícios começavam com música ao vivo para atrair a população. O grande sucesso foi o cantor brasileiro Iran Costa, que tocou para PSD e PP, mas acabou censurado.
Num dos shows para os direitistas, a saia de uma das dançarinas que acompanha o cantor subiu, deixando aparecer sua calcinha. A cena foi filmada pela TV. Em resposta, o líder do PP, Manoel Monteiro, cancelou as apresentações do brasileiro, campeão de vendas em Portugal.

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