São Paulo, sábado, 7 de outubro de 1995
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Bancários da CEF e do BB preparam greve

SHIRLEY EMERICK

SHIRLEY EMERICK; CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
Os bancários da CEF (Caixa Econômica Federal) marcaram uma paralisação nacional a partir do dia 25. Em São Paulo, está prevista greve de 24h no dia 18 na CEF e no Banco do Brasil.
As greves serão realizadas em protesto contra o governo federal, que está oferecendo aos funcionários dos dois bancos, com data-base em setembro, o mínimo previsto em lei -20,94% de reajuste.
``Até a Petrobrás está oferecendo mais, 29,8%, aos petroleiros. Na CEF e no BB, o governo está praticando uma política de recursos humanos obtusa ou até mal-intencionada, que desestimula os funcionários e o prejudica o desempenho dos bancos", afirmou o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo (CUT), Ricardo Berzoini.
Além disso, os bancários dizem que o governo quer tirar do acordo coletivo direitos já garantidos.
A CEF tem 65 mil funcionários em todo o país e o BB, 92 mil, sendo 60 mil comissionados. O banco ofereceu reajuste de 87% a 114% para comissionados.
O diretor da Confederação Nacional dos Bancários (ligada à CUT), Joel Bueno, disse que as negociações com a CEF chegaram a um impasse porque a empresa não aceita discutir outro índice.
A confederação quer discutir a adesão à greve por tempo indeterminado, a partir do dia 25, com os funcionários do Banco do Brasil.
Joel Bueno disse que esta adesão é difícil porque o banco fechou em julho um programa de demissão voluntária, com mais de 13 mil dispensas.
O assessor da CEF para assuntos sindicais, João Miguel Xavier, disse que o colegiado do banco autorizou o reajuste salarial de 20,94%, relativo apenas ao resíduo do IPC-r (Índice de Preços ao Consumidor no real) de setembro de 94 a junho de 95.
Os trabalhadores querem 67%, aumento do tíquete alimentação para R$ 7 -a CEF ofereceu R$ 6,50- e cesta de alimentação de R$ 102.
No início das negociações, os bancários entregaram um pré-acordo aos dois bancos, citando o recurso do mediador se houvesse impasse. Tanto a CEF como o BB se recusaram a assinar o acordo porque implicaria em aceitar as outras cláusulas, inclusive o reajuste de 67% reivindicado.
Banespa
O presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo ameaçou ir à Justiça caso o Banespa não se comprometa a pagar o mesmo já acordado com os bancos privados: reajuste de 30% sobre setembro de 94 (descontadas antecipações), garantido o mínimo de 14,64% sobre agosto deste ano.
``Pela lei, os bancos estaduais estão incluídos na convenção coletiva dos bancários e têm de pagar o acordado com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos)", disse Ricardo Berzoini.
Segundo ele, os interventores do Banco Central no Banespa só querem pagar o mínimo garantido por lei, os 20,94%.
Berzoini citou o exemplo do Banerj, no Rio, que já se comprometeu a pagar o oferecido pela Fenaban. ``Podemos também paralisar o Banespa se não houver outra alternativa", disse.
Para Berzoini, os bancários já fizeram proposta formal ao presidente do BC, Gustavo Loyola, que se cumpra o acordado com a Fenaban até o fim da intervenção no Banespa.

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