São Paulo, quarta-feira, 11 de outubro de 1995
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Odebrecht doa para os 2 candidatos do DF

OLÍMPIO CRUZ NETO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A construtora Norberto Odebrecht foi a principal financiadora dos candidatos que disputaram, no segundo turno das eleições de 94, o governo do Distrito Federal: Cristovam Buarque (PT) e Valmir Campelo (PTB).
A empresa investiu mais de R$ 1,25 milhão nas duas campanhas. Cerca de 84% dos recursos doados pela construtora foram para Campelo. O candidato do PT recebeu R$ 200 mil, no dia 13 de novembro, às vésperas da sua vitória no segundo turno da eleição.
Os dados constam das prestações de contas apresentadas pelos partidos ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do DF. A Folha teve acesso aos documentos, que revelaram o total de arrecadações feitas às campanhas do PTB (R$ 2,935 milhões) e do PT (R$ 868,486 mil).
A contabilidade apresentada pelo PT-DF à Justiça Eleitoral mostra que Cristovam Buarque não conseguiu quitar todas as dívidas de campanha. Ficou devendo R$ 68,13 mil, embora tenha recebido dinheiro de outras duas grandes empresas.
No dia 3 de novembro, a construtora Via Engenharia doou R$ 60 mil para a campanha petista. Na véspera do pleito, dia 14, ajudou com mais R$ 40 mil. Consolidada a vitória, no dia 22, o PT recebeu outros R$ 100 mil.
A World Participações, holding da empreiteira OAS, colaborou com Cristovam, doando R$ 25 mil no dia 11 de novembro. Nessa época, os investimentos em Campelo já eram escassos.
Em novembro, a arrecadação não ultrapassou R$ 77 mil, com todas as doações sendo feitas em forma de serviços e material.
A candidatura de Campelo só foi a favorita dos empresários em setembro do ano passado, quando ele liderava as pesquisas eleitorais. Pelo menos 84,79% do dinheiro arrecadado pelo PTB chegou aos cofres da campanha naquele mês.
Pesquisa realizada pelo Datafolha no dia 20 de setembro apontava a dianteira de Campelo, registrando 45% para o candidato do PTB. Cristovam tinha então 19%, mas a pesquisa registrava uma subida.
Naquele mês, outra empreiteira apostou tudo em Campelo. Responsável pela construção do metrô de Brasília junto com a Odebrecht, a Camargo Corrêa doou R$ 590 mil para o candidato do PTB.

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