São Paulo, quarta-feira, 11 de outubro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Guru do liberalismo recebe Prêmio Nobel

DA REPORTAGEM LOCAL

A Real Academia de Ciências da Suécia concedeu ontem o Prêmio Nobel de Economia 1995 ao norte-americano Robert E. Lucas, 58, um dos principais expoentes do não-intervencionismo estatal.
Lucas, professor da Universidade de Chicago, é um dos papas da ``macroeconomia clássica". Suas teorias tiveram grande influência sobre as políticas monetárias ortodoxas que hoje são aplicadas em boa parte do mundo.
Embora ensine na Universidade de Chicago, Lucas não se identifica com a célebre escola monetarista de Chicago, que tem como principal referência os trabalhos do economista Milton Friedman.
No entanto, ele compartilha com os monetaristas o ceticismo diante das políticas intervencionistas consideradas herança do economista inglês John M. Keynes.
Segundo Paulo Nogueira Batista, professor da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, o trabalho de Lucas é uma ``radicalização do monetarismo de Chicago".
``Robert Lucas levou ao extremo as críticas que Friedman já havia feito a Keynes. Friedman ainda admitia que determinadas políticas fiscais e tributárias do governo tivessem resultado a curto prazo. Para Lucas, a política de estabilização econômica de Keynes é absolutamente inútil", disse Nogueira Batista.
O principal instrumento de Robert Lucas é a teoria das ``expectativas racionais", formulada em 1961 por John Muth em nível microeconômico e aplicado por Lucas à análise macroeconômica.
Lucas aplicou essa teoria a uma crítica da ``Curva de Phillips", que estabelece uma correlação entre inflação e emprego.
A partir do final dos anos 60, os poderes públicos de vários países começaram a interpretar a teoria de Phillips como uma possibilidade de aumentar o nível de emprego por meio de uma política de recuperação econômica inflacionista.
Lucas demonstrou que à medida que os agentes econômicos reagem, definindo os preços e salários em função do que esperam dessa política de recuperação, o efeito sobre o emprego é nulo.
``As experiências dos anos 70 e 80 deixaram claro que o crescimento econômico baseado na geração de emprego não pode ser obtido em um contexto de forte inflação", declararam ontem fontes da academia sueca.

Texto Anterior: BC quer deixar de regulamentar e fiscalizar o sistema de consórcio
Próximo Texto: Método Engenharia faz acordo para celular privado
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.