São Paulo, quarta-feira, 11 de outubro de 1995
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Funcionalismo francês faz 1ª greve geral desde 1986

VINICIUS TORRES FREIRE
DE PARIS

A primeira greve geral de funcionários públicos franceses desde 1986 teve 70% de adesão, segundo as centrais sindicais -55%, de acordo com o governo.
Os funcionários pararam por um dia em protesto contra o congelamento de salários previsto no Orçamento de 1996.
Existem cerca de 5 milhões de funcionários públicos na França. Eles representam cerca de 25% da força de trabalho ativa do país.
Na greve de ontem, também pela primeira vez desde 1986, as sete centrais sindicais nacionais decidiram atuar em conjunto.
Há divisões radicais no sindicalismo francês. Foram necessárias diversas negociações para que Nicole Notat, secretária-geral da Confederação Francesa Democrática do Trabalho, ficasse ao lado de seu colega da Confederação Geral do Trabalho, Louis Vianet, na passeata em Paris.
Marc Blondel, secretário da Força Operária, ficou no setor da passeata liderado pela sua central.
Cerca de 25 mil pessoas, segundo a polícia, e 65 mil, segundo a coordenação das centrais sindicais, saíram às ruas de Paris.
A greve paralisou entre 75% e 90% dos transportes terrestres do país. As companhias aéreas estatais Air France e Air Inter não participaram do movimento. Cinco aeroportos do interior fecharam.
Na France Telecom, a Telebrás francesa, 66% dos funcionários não foram trabalhar. A greve parou escolas, hospitais, correios, a administração de luz e gás e parte da administração direta.
O ministro do Setor Público, Jean Puech, disse que o governo está aberto a negociações, mas que ele se recusa a rever a decisão de congelar os salários em 1996.
``Há uma tendência no governo de usar o funcionalismo público como bode expiatório para o desastre das finanças públicas, para o déficit. Eles querem com esse argumento cortar direitos adquiridos e direitos sociais", disse a dirigente sindical Nicole Notat à Folha.
Alain Deleu, da CFTC, disse a rádios francesas que, se o governo não negociar, movimentos maiores podem ser convocados.
A crise no funcionalismo, as acusações de corrupção contra o premiê francês, Alain Juppé, e o descontrole das finanças públicas vêm derrubando as bolsas e a moeda francesas.
Isso pode dificultar a implantação do tratado de unificação monetária européia, em 1997, que impõe normas estritas para o nível da dívida pública, do déficit e para a flutuação das moedas nacionais.
Pesquisas de ontem indicaram quedas de 15 pontos na popularidade de Juppé e do presidente Jacques Chirac. Na média, o nível de aceitação do governo é de 33%.
Mais um documento que provaria o envolvimento no escândalo de autofavorecimento de Juppé foi divulgado ontem.

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