São Paulo, quinta-feira, 12 de outubro de 1995
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'Terra Estrangeira' vence festival francês

VINICIUS TORRES FREIRE
DE PARIS

Erramos: 13/10/95
A legenda da foto da pág. 5-7 ( Ilustrada) de ontem estava errada. A foto á de uma cena do filme "Terra Estrangeira" e não do cineasta Walter Salles.
Walter Salles e Daniela Thomas venceram na terça-feira o festival ``Encontros de Cinema em Paris" com uma equipe de realização jovem, 70% dos quais jamais haviam trabalhado em cinema.
``Terra Estrangeira", o filme vencedor, também trata de jovens brasileiros -os emigrados para a Europa no começo dos anos 90.
Para fechar o circuito, Salles e Thomas vão destinar o prêmio do festival a jovens brasileiros que queriam fazer cinema no Brasil, mas que colocaram suas carreiras para andar apenas depois que migraram para a Europa.
Gabriela Greeb, que foi assistente de câmera na parte de ``Terra Estrangeira" rodada no Brasil (o filme também se passa em Portugal), é um desses jovens cineastas emigrados, uma dúzia deles trabalhando em Paris. Vai receber parte do prêmio do festival.
Recentemente, alguns desses cineastas, como Adriana Komives (vencedora de festival na França), Germana Cruxen, Alice de Andrade e Kátia Adler (que está filmando agora em Israel) começaram a organizar mostras na embaixada brasileira.
Greeb escreveu e dirigiu dois curtas em Paris e vendeu um deles para a TV francesa, com a qual termina de negociar na semana que vem uma série de 12 minicurtas. Salles acha que jovens como Greeb logo poderão voltar a fazer sua carreira no Brasil.
``O cinema no Brasil dá sinal de vida e, pelo que tenho ouvido e observado nos festivais dos quais tenho participado, há um desejo de ver filmes brasileiros. As pessoas perguntam o que os grandes diretores brasileiros estão fazendo, querem saber o que aconteceu com a produção brasileira", diz Salles.
Para Salles, a crise no cinema brasileiro entre 1990 e 1993 e a tentativa de solucioná-la estão criando um sistema novo, de financiamento descentralizado, que, se ainda é limitado, pelo menos torna visível a produção.
``Se você aparece, as coproduções aparecem, é um círculo positivo", diz o diretor.
Segundo José Carlos Avelar, presidente da Riofilme, financiadora mantida pela prefeitura do Rio, cerca de 40 filmes estão sendo hoje produzidos no país. Avelar diz que o o orçamento da produção brasileira em 1995 gira em torno de US$ 30 milhões.
Seria o suficiente para produzir 60 filmes como os de Salles e Thomas. E é uma montanha inimaginável de dinheiro para cineastas como Gabriela Greeb. Um de seus curtas custou US$ 100. ``Ganhei os negativos e consegui na conversa os meios de produção. Gastei meu `orçamento' em pizza para a equipe", conta.
Greeb começou sua carreira na Espanha, como assistente de câmera. Investiu no trabalho de escrever roteiros e dirigir depois que foi ``despedida" por Salles.
``Estava morta de cansaço, o trabalho de assistente de câmera é muito pesado. O Walter me disse para largar a rodagem em Portugal. Disse que eu devia escrever e fazer meus filmes".
Além de estar negociando uma série na TV francesa, Greeb foi convidada pela segunda vez para o festival da BBC, em Londres.

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