São Paulo, quinta-feira, 12 de outubro de 1995
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Filha de Tati recupera trabalho do pai

CRISTINA ZAHAR
DA REVISTA DA FOLHA

``Carrossel da Esperança", do cineasta francês Jacques Tati, abriu as comemorações dos cem anos do cinema na França em janeiro deste ano. Foi apresentada na última Mostra Banco Nacional de Cinema.
Hoje ela pode ser vista mais uma vez hoje em São Paulo, em uma maratona de filmes promovida pelo espaço Banco Nacional de Cinema (leia quadro abaixo).
Tati (1907-1982) rodou "Carrossel da Esperança", seu primeiro filme, em 1947. Usou duas câmeras -uma colorida e outra em preto-e-branco -para filmar uma cidadezinha na França que recebe a visita de um parque de diversões ambulante, no período pós-guerra.
Sua intenção era lançar apenas a versão colorida. Como sua revelação era cara para a época, Tati viu-se obrigado a divulgar a versão em preto-e-branco, em 1949.
Hoje, 48 anos depois, os cinéfilos podem apreciar a versão colorida de "Carrossel da Esperança", graças à dedicação de sua filha, Sophie Catherine Tatischeff. Ela e François Ede, câmara do diretor francês Raul Ruiz, trabalharam sete anos na restauração da versão cor, de 1987 até o ano passado.
"Os produtores dos filmes de Tati receavam lançar num trabalho caro sem ter certeza da qualidade da cor", explica. "O financiamento só saiu porque a Associação Primeiro Século do Cinema, presidida por Michel Piccoli, decidiu abrir as comemorações do centenário do cinema com o filme".
Sophie diz que seu pai sempre procurou uma maneira de revelar o negativo cor do filme. Em 1961, Tati chegou a aproveitar o relançamento do filme em Paris para acrescentar cores artesanalmente.
Hoje, com o auxílio do computador, tudo ficou mais fácil. "O som numérico e a montagem virtual nos ajudaram a retrabalhar a trilha sonora do filme". O mais delicado, segundo ela, foi montar os planos para os quais já havia o som da versão em preto-e-branco. "Seria impossível dublar os atores com outras vozes. Além disso, muitas cenas são calcadas em cima da música, o que complicou bastante nosso trabalho", justifica.
A recuperação de "Carrossel da Esperança" não é a única prioridade na vida de Sophie. Apaixonada pela música brasileira, ela pretende realizar um filme no país: "Un Sud pas Comme les Autres ("Um Sul Diferente dos Outros").
O roteiro conta a história de uma cantora brasileira que vive na França há anos e que redescobre seu país por intermédio da música. Ela será interpretado por Betina Aarão, amiga brasileira de Sophie que, como o personagem, mora na França há 20 anos.

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