São Paulo, terça-feira, 17 de outubro de 1995
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A vez do Bilhete Único

CARLOS ZARATTINI

A Câmara Municipal de São Paulo aprovou nos últimos dias projeto de minha autoria que institui o bilhete único para o transporte municipal. Esse bilhete tem a validade de duas horas e meia e permite que o usuário realize quantas transferências forem necessárias para chegar ao seu destino nesse período.
O bilhete único não é nenhuma novidade em cidades mais desenvolvidas. Em São Francisco, Washington e diversas cidades européias o bilhete com validade temporal já está implantado há muito tempo. Mas em São Paulo, mesmo com a expansão da cidade, continuamos vivendo com a farsa da tarifa única.
Isto é, a tarifa é uma só, mas cada vez menos uma só linha atende aos desejos de viagem. Com isso, são necessárias duas ou mais conduções, trajetos mais longos e uma explosão de viagens a pé daqueles que não têm recursos para pagar duas tarifas.
Agora, tendo em vigor a maior tarifa real da história da cidade e com a população sentindo de forma dramática os efeitos do desemprego e dos baixos salários, é a vez de se implantar uma forma de tarifação que reduzirá seus gastos diários.
O benefício para grande parte da população será visível em pouco tempo. Logicamente que é necessária a sua extensão para os trens do Metrô e da CPTM, além dos ônibus intermunicipais. Esses meios de transporte, no entanto, estão na alçada estadual.
Além dos benefícios diretos de custo para a população, o bilhete único reduzirá em grande parte os custos de obras com terminais, pois a transferência de um veículo para outro poderá se dar em qualquer ponto.
Por outro lado, haverá uma maior racionalidade nas linhas na medida em que vai haver não apenas um aumento da demanda, como também um novo desenho das viagens. Isso vai exigir da Prefeitura um estudo no sentido de garantir maior eficácia às linhas municipais.
Segundo estudos realizados a partir da ``Pesquisa Origem/Destino do Metrô", cerca de 1,6 milhão de viagens são feitas através de mais de um ônibus no município. Isso significa que perto de um milhão de pessoas serão beneficiadas, sem contar aquelas que hoje realizam parte do seu trajeto a pé.
É por isso que a sanção desse projeto pelo prefeito e sua regulamentação são uma necessidade inquestionável.
Ao contrário do que podem pensar os mais apressados, não será necessário substituir os cobradores pelas catracas eletrônicas para que se implante o bilhete único. É possível simplesmente instalar uma máquina de chancela em cada ônibus para que o cobrador registre o horário de entrada dos passageiros.

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