São Paulo, terça-feira, 17 de outubro de 1995
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Cúpula da dependência

O tema tem sido uma constante nos encontros internacionais das últimas semanas e mais uma vez repete-se na 5ª Conferência de Cúpula Ibero-Americana, em Bariloche, na Argentina. Os governantes da América Latina, marcados pelos tremores que se seguiram à crise do México, demandam a criação de mecanismos para atrair investimentos estrangeiros e reduzir os riscos financeiros da América Latina.
As circunstâncias mais concretas da realização do evento já revelam a natureza dos problemas. O governo argentino, para viabilizar a conferência, fez um empréstimo emergencial de US$ 20 milhões à província de Rio Negro, onde situa-se Bariloche, para que pelo menos os policiais recebessem seus salários e garantissem a segurança local.
Eis a chave dos ``ajustes" que as economias latino-americanas conseguiram produzir nos últimos anos. Sacrificando sempre e cada vez mais as finanças públicas regionais, os governos do México, da Argentina e agora do Brasil encontram-se numa situação de dependência crescente, para não dizer totalmente crucial, da manutenção de fluxos financeiros externos.
A insuficiência do que se conseguiu até agora na esfera do ajuste fiscal, das privatizações e principalmente em termos de vetores internos de crescimento econômico, entretanto, revela a cada dia a fragilidade do ajuste latino-americano.
A Cúpula de Bariloche é sobretudo uma cúpula da dependência.

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