São Paulo, terça-feira, 17 de outubro de 1995 |
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Narcofinanças Estima-se que os cartéis colombianos faturem anualmente cerca de US$ 200 bilhões. Isso seria grave, mas ainda distante, não figurasse já o Brasil como um dos centros mundiais de distribuição de droga. O país é ponto de passagem das máfias colombiana, italiana e nigeriana. E as facilidades para a movimentação anônima de contas dolarizadas no sistema financeiro reforçam essa triste proeminência. Frente a essa realidade, é louvável e oportuna a iniciativa do governo federal, que pretende criar um órgão no Banco Central para rastrear o ``dinheiro sujo" no Brasil. Frente à polêmica sobre a intenção do governo de facilitar a quebra do sigilo bancário, parece evidente que, se o objetivo é combater a criminalidade, as circunstâncias e os mecanismos de repressão à finança criminosa devem ser evidenciados com o máximo de precisão e rigor. Os números divulgados são estarrecedores: estima-se que, do total das operações financeiras no país -US$ 3,480 trilhões ao ano-, US$ 490 bilhões têm origem suspeita. Novamente, entretanto, é preciso sublinhar os imperativos da precisão e da investigação especializada. Ainda que o narcotráfico movimente bilhões, é também evidente que as fronteiras do que se considera movimentação com origem ``suspeita" às vezes são indefinidas. Isso é especialmente verdadeiro no âmbito da chamada economia informal. Nesse caso o mais correto e provavelmente mais eficiente é fortalecer o sistema de arrecadação, combater a sonegação e, em última análise, racionalizar um sistema tributário que de tão absurdo gera ele mesmo incentivos óbvios à sonegação e ao ``caixa 2" nas empresas. Texto Anterior: Cúpula da dependência Próximo Texto: A discussão que faltava Índice |
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