São Paulo, quarta-feira, 18 de outubro de 1995
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Loyola defende conta para controlar evasão ilegal

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, defendeu a existência das contas CC-5 como forma de detectar eventuais evasões ilegais de divisas. As CC-5, criadas para simplificar o fluxo de dinheiro com o exterior, estão sendo investigadas e criticadas pela Polícia Federal.
Loyola avaliou que há risco de o Brasil se tornar um local privilegiado para a "lavagem" de dinheiro, ou seja, a legalização de recursos de origem ilegal. Mesmo apontando as deficiências da fiscalização, Loyola defendeu as CC-5.
"A CC-5 é um depósito à vista puro, e grande parte destas operações que estão sendo investigadas não tem nada a ver com CC-5. Dinheiro sujo pode estar depositado em qualquer aplicação, como CDBs", disse ele.
Loyola afirmou que o BC não pode ser acusado de omissão na autorização para a criação dessas contas. "A CC-5 permite a identificação dos usuários", afirmou. O presidente do BC disse que "infelizmente" não se tem no Brasil a condenação de crimes financeiros com frequência.
Para detectar tais crimes, o governo planeja criar uma agência de acompanhamento do sistema financeiro, conforme a Folha noticiou na segunda-feira. Essa agência exercerá um trabalho de coordenação entre o BC, a Receita Federal e a Polícia Federal.
Hoje existe um grande risco de o Brasil se tornar ponto de lavagem de dinheiro, disse Loyola. Por isso, a idéia da agência é de prevenção e combate ao uso do sistema financeiro na lavagem de "dinheiro sujo".
Loyola disse que é a favor da quebra do sigilo bancário nos casos de contravenção penal, mas ressaltou que é preciso estudar um meio-termo para não afastar as pessoas do sistema financeiro.
O Banco Central pode recuar na sua decisão inicial de fixar a garantia de saques em bancos liquidados ou sob intervenção em R$ 20 mil. Ontem, o diretor de normas, Cláudio Mauch, disse que o valor pode ficar entre R$ 12 mil, como querem os bancos, e R$ 20 mil.
O seguro de depósito começou a ser estudado depois da intervenção no Banco Econômico. Hoje, a diretoria do BC se reúne para formular sua proposta e recomeçar as negociações com a Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos).
O presidente do BC defendeu que a liquidação de bancos com problemas de liquidez seja transferida para a Justiça. A idéia, segundo ele, é que o BC continue fazendo a intervenção.

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