São Paulo, quarta-feira, 18 de outubro de 1995 |
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Makhmalbaf saúda cinema com ironia
INÁCIO ARAUJO
É aos poucos que as imagens deste filme iraniano começam a multiplicar seus sentidos, a questionar o próprio cinema. Primeiro, pode-se perguntar, vendo esses pretendentes a ator: o que é ser artista, qual a ambição de cada um? Mas, enquanto Makhmalbaf escolhe seus atores -fica com alguns aqui, rejeita outros ali-, é o próprio cinema que vai tirando seus disfarces. O que no início nos parecia um documentário, vai adquirindo um caráter fictício. O que a imagem mostra, além do que é mostrado? O real começa a escapar pelas bordas do quadro. Uma ficção se esboça, voluntária ou não. Os papéis se invertem: o diretor torna-se seu próprio ator (representando seu próprio papel); uma atriz assume o lugar do diretor (mas não deixa de ser uma atriz). O cinema se mostra como crueldade, sentimento, sonho, crença, exclusão. Plano a plano, o título vai revelando seu caráter irônico. Salve o cinema, sim. Mas, antes de tudo: o que seria o cinema? Texto Anterior: O esplendor vem do Oriente Próximo Texto: 'Balão Branco' celebra criança Índice |
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