São Paulo, quarta-feira, 18 de outubro de 1995
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Ahn Hung revisita o Vietnã

AMIR LABAKI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Em Veneza-95, o franco-vietnamita "O Ciclista e o Poeta" venceu mas não convenceu. Outro Leão de Ouro fez concessão ao exotismo. Sorte do diretor Tran Ahn Hung, que aos 33 anos e apenas dois longas-metragens já acumulou a Câmera de Ouro para melhor estreante de Cannes-93, o César de melhor filme estrangeiro e uma indicação ao Oscar, e agora o prêmio máximo do mais antigo festival de cinema do mundo.
O jovem cineasta chamara atenção em "O Cheiro de Papaya Verde" ao recriar em estúdio, com uma iluminação especial, o Vietnã mítico que abandonara na infância. Anh Hung parecia filmar com as pontas dos dedos.
"O Ciclista e O Poeta" reflete o choque diante da modernização de um Vietnã não menos miserável. É uma revisita pós-moderna ao clássico neo-realista "Ladrão de Bicicletas", transposta para a Ho Chi Min (ex-Saigon) nos dias de hoje.
Lá, Tran Ahn Hung criou um adeus à inocência, para submetê-lo ao mais insuportável maneirismo. Tudo se torna motivo para cores fortes assaltarem a tela. O caligrafista de ontem virou grafiteiro. "O Ciclista e O Poeta" bem poderia ser rebatizado de "Viet Blue". (Amir Labaki)

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