São Paulo, quarta-feira, 18 de outubro de 1995 |
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Cada vez mais complicado
THALES DE MENEZES Steffi Graf perdeu o patrocínio da Opel. E os prejuízos da melhor tenista do mundo não devem ficar só nisso.O US$ 1,3 milhão que a fábrica de automóveis pagava anualmente à tenista é apenas um troco nesse desfile de cifras astronômicas em que se transformou qualquer noticiário a respeito dela. Há outros patrocinadores já acenando com a possibilidade de cancelamento dos contratos firmados com Graf. O chamado "efeito dominó" vai pegá-la de jeito. Como esta coluna tinha alertado há pouco mais de um mês, o fato de Steffi ter afastado o pai das funções de "manager", quando foi preso por irregularidades fiscais, não suavizou o cerco sobre ela. O dinheiro envolvido nos negócios do pai veio de suas raquetadas. Há indícios de que, em alguns anos, o valor da sonegação passa de US$ 4 milhões, praticamente a metade do que ela recebe só em contratos de publicidade. Expectativas pessimistas dão que o valor de débitos da família em impostos pode ultrapassar US$ 20 milhões. E pagar essa fortuna não iria livrar Steffi e o pai de uma condenação a penas de reclusão. É inconcebível que alguém desempenhe as funções profissionais normalmente com uma pressão dessas. Os próximos resultados de Steffi terão de ser relativizados. O empresário dela tenta afastá-la disso e baixou uma norma aos jornalistas para que só falem com ela sobre tênis. Ou seja, o cara é ingênuo demais. Steffi que se prepare para ser fuzilada pela imprensa enquanto durar esse quiprocó com a Receita. Na história recente do tênis, outros tenistas sofreram com problemas fora das quadras. Os mais destacados foram Martina Navratilova e Vitas Gerulatis. Quando Martina assumiu a homossexualidade, o assédio da imprensa foi pesado, mas a tenista soube lidar. Anos depois, quando se separou de uma companheira, jornais dissecaram a vida das duas. Já Vitas Gerulaitis, morto no ano passado por causa de um vazamento de gás em casa, teve sua carreira prejudicada por declarações a jornalistas. Em 81, quando era o número quatro do mundo, ele revelou que consumia maconha e cocaína e que vários outros tenistas profissionais faziam o mesmo. Seus contratos de publicidade minguaram. Dois anos depois, Gerulaitis se retirava para uma aposentadoria precoce. E Steffi, quando tempo mais vai aguentar? Texto Anterior: Calendário manda futebol para as calendas Próximo Texto: Notas Índice |
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