São Paulo, quinta-feira, 19 de outubro de 1995
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Japão influenciou agricultura

DA REPORTAGEM LOCAL

Menos de 15% do total de japoneses e seus descendentes no Brasil dedicam-se hoje ao trabalho no campo, segundo a Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa.
No início, todos os imigrantes trabalhavam na lavoura, principalmente na de café.
Nos últimos 30 anos, porém, a crescente urbanização e a escolarização dos descendentes diminuíram drasticamente a presença nipônica na agricultura.
Segundo o livro "Uma Epopéia Moderna - 80 Anos de Imigração Japonesa", publicado em 1988 pela Sociedade e a Editora Hucitec, a principal contribuição dos japoneses à agricultura brasileira foi a diversificação de culturas.
Quase 30 produtos agrícolas foram introduzidos ou melhorados pelos imigrantes japoneses.
"Os japoneses desenvolveram aqui no Brasil culturas tradicionais no Japão", diz o pesquisador de hortaliças, Keigo Minami, da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), da USP.
Hortaliças e frutas, além de algumas especiarias como a pimenta-do-reino, foram as culturas que destacaram a participação da comunidade nipônica no setor rural.
"Flores e frutas são produtos que exigem trabalho artesanal, característica forte do japonês", diz.
As árvores de pêssego, por exemplo, precisam continuamente ser desbastadas a fim de aumentar o tamanho das frutas.
Os imigrantes trouxeram como herança cultural do Japão a necessidade de gerar renda em espaços muito pequenos.
No período de 1908 a 1912, quando chegaram as primeiras levas de imigrantes, a área média ocupada por família de agricultor no Japão atingia 1,1 hectare.
Com a finalidade de intensificar o uso da terra, o lavrador japonês incrementou o uso de tecnologia em sua lavoura.
Procurou novas variedades, adotou a rotação de culturas para não esgotar o solo, aumentou o uso de fertilizantes e a aplicação de agrotóxicos contra as pragas.
Essa herança tecnológica do país natal levou muitos imigrantes a se deslocar para regiões próximas da cidade de São Paulo, formando o cinturão verde. A região hoje é o principal pólo de hortaliças do Brasil.

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