São Paulo, quinta-feira, 19 de outubro de 1995
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Países precisam se conhecer melhor

Diplomata diz ter 'coração brasileiro'

KENNEDY ALENCAR
DA REPORTAGEM LOCAL

O cônsul-geral do Japão em Belém (PA), Akira Suyama, 62, afirma que japoneses e brasileiros têm "uma imagem exótica" uns dos outros.
Segundo ele, os dois países precisam se conhecer melhor. "Quando se fala sobre o Brasil no Japão, vem à cabeça Carnaval, futebol, índios e praia. Aqui no Brasil, imagina-se Monte Fuji, modernidade, samurais e gueixas."
Suyama apaixonou-se pelo Brasil em 1948, quando assistiu em Tóquio ao filme "Uma Noite no Rio", no qual Carmem Miranda vive um romance com um estrangeiro. "Depois daquele dia, dediquei minha vida a estudar o Brasil e a trabalhar para aproximá-lo do Japão". Suyama diz que é um japonês com "coração brasileiro".
O diplomata estudou história da economia brasileira no período colonial em Tóquio e veio para o Brasil em 1959. Foi vice-cônsul em São Paulo até 67 e cônsul no Rio (71-75).
A comemoração do centenário de amizade Brasil-Japão, acredita ele, é fundamental para mudar a "imagem exótica". Atualmente estudando a formação das fronteiras do Brasil no século passado, Suyama avalia que há espaço para uma maior integração econômica.
O diplomata afirma que, após um período de desconfiança, voltou a crescer no Japão o interesse por novos investimentos no Brasil. "Eu acredito no Brasil, sou um otimista."
A imagem de instabilidade econômica, porém, ainda é forte no Japão. Segundo Suyama, os investidores de seu país "têm falta de experiência em lidar com a inflação".
Segundo ele, os japoneses são cautelosos, estão acompanhando os resultados do Plano Real e tendem a ampliar seus negócios com o Brasil.
O diplomata voltou ao Brasil em 90. Trabalhou como cônsul no Rio e seguiu para Belém em 93. É casado e tem dois filhos, um deles carioca e estudando administração no Japão.
Diplomaticamente, não alimenta rivalidade entre cariocas, paulistas e paraenses. Torce para o Fluminense e para o São Paulo. "Estou pensando em adotar um time no Pará", diz.
Os pratos favoritos do diplomata são feijoada, virado à paulista e pato no tucupi. O tipo de música predileto é o samba-canção. Dos Estados brasileiros, não conhece apenas Acre, Alagoas, Rondônia, Roraima e Sergipe.
Segundo Suyama, deve se pensar mais no aspecto cultural ao falar de integração. Diz que se considera muito o lado econômico. Afirma que o Brasil e Japão têm "lições culturais importantíssimas a trocar".
Perguntado sobre o que os brasileiros têm a ensinar aos japoneses, Suyama afirma que "o ambiente acolhedor no Brasil é o que mais fascina quem vem do Japão". Segundo ele, apesar dos problemas sociais, "o povo brasileiro mantém uma tradição humana que lhe permite viver melhor a vida".
Quando a pergunta é sobre o que os brasileiros têm a aprender com os japoneses, Suyama desconversa: "Não temos tanto a ensinar, o importante é que os brasileiros tenham mais informações sobre o Japão".

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