São Paulo, quinta-feira, 19 de outubro de 1995
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Craque de beisebol quer ser engenheiro na capital

Jovens de Bastos (SP) sonham em deixar a cidade

LUIZ MALAVOLTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BASTOS

A cidade de Bastos, 20 mil habitantes, que surgiu na década de 20 como o sonho dourado dos imigrantes japoneses, não está no projeto de vida de Cleber Akio Takeuchi, 15.
Seu sonho é terminar o colegial em dois anos e tentar o vestibular de engenharia em São Paulo. Depois de formado, não quer voltar a viver em Bastos.
Bastos (557 km da capital) tem sofrido nos últimos anos com o êxodo de seus jovens. Uma parte seguiu o caminho já traçado por Cleber.
Outros, aventuraram-se no Japão a partir de 1988 como dekassegui, o trabalhador que deixa seu país em busca de melhores oportunidades.
A Prefeitura de Bastos calcula que cerca de 2.000 jovens da cidade foram ser dekassegui nas indústrias japonesas.
Cleber afirma que não pensa em ir para o Japão porque não é aventureiro. "Esta é minha pátria. Sou brasileiro", disse.
Ele tem o apoio do avô, o japonês Yoshiteru Takeuchi, 73, que chegou ao Brasil nos anos 20 e foi trabalhar nas lavouras de Bastos. O pai de Cleber, Nélson Takeuchi, 42, tem um varejão de frutas e verduras.
Cleber é um destaque na comunidade. Em 1988, quando tinha dez anos, apareceu na capa do caderno especial da Folha em comemoração aos 80 anos da imigração japonesa no Brasil.
Ele integra a equipe juvenil do Clube de Beisebol de Bastos e foi campeão paulista de 93 e 94. Seu técnico, o cubano Eugênio Wilson, 47, diz que Cleber, com 1,80m de altura, é um arremessador de futuro promissor.
Ele tem outros interesses além do esporte. Em agosto, participou do Festival Soroban, em Chiba, no Japão. Soroban é uma disputa de cálculos em ábaco, uma espécie de calculadora de madeira de tradicional uso no Japão. Cleber ficou em oitavo no torneio. A bastense Luiza Tanaka, 15, foi a vice-campeã.
Cleber ficou admirado com o desenvolvimento do Japão, mas disse não sentir qualquer "afinidade" com a terra do avô.
A maioria dos jovens bastenses não se interessa pelas tradições japonesas.

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