São Paulo, quinta-feira, 19 de outubro de 1995
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Parceria com Vale é sucesso

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

A parceria vitoriosa entre a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) e a indústria siderúrgica japonesa é uma das histórias de sucesso do primeiro centenário da amizade Brasil-Japão.
O Japão precisava de minério de ferro para desenvolver sua indústria siderúrgica, uma das bases da reconstrução do país derrotado na 2ª Guerra Mundial (1939-1945).
O Brasil tinha necessidade de encontar novos compradores para seu minério de ferro.
A parceria foi estabelecida por meio de um contrato, assinado em 1962, para o fornecimento anual, pela Vale, de 5 milhões de toneladas de minério de ferro por um prazo de 15 anos para a indústria siderúrgica do Japão.
Um passo definitivo para o andamento do projeto foi a construção do porto de Tubarão, em Vitória (ES), com capacidade de receber supernavios de 100 mil toneladas.
O porto foi inaugurado dentro do prazo, em 1966, quatro anos depois da assinatura do contrato com os japoneses. A exportação do minério pela estrada de ferro Vitória-Minas através do porto de Tubarão barateou os custos de produção da Vale, tornando a empresa mais competitiva no mercado internacional.
Hoje, um dos sete países mais industrializados do planeta, o Japão produz 98,3 milhões de toneladas de aço por ano e as exportações de minério de ferro para o Japão ocupam um lugar de destaque no comércio exterior do Brasil.
A parceria da Vale com a indústria siderúrgica do Japão deu início a projetos entre os dois países, na década de 70, que tinham como objetivo a exploração de recursos naturais.
Houve associações do capital japonês com empresas estatais para a produção de alumínio bruto, celulose e aço. Ainda nos anos 70, 150 empresas japonesas investiram nas áreas de eletroeletrônicos, máquinas, veículos e suas partes, têxtil, química, alimentos, agropecuária e construção civil.
Analisando as perspectivas de parceria no início do segundo centenário da amizade Brasil-Japão, Suminobu Fukushima, diretor financeiro da Câmara de Comércio e Indústria Japonesa do Brasil, diz que os novos investimentos japoneses no Brasil deverão se concentrar em quatro áreas principais: agropecuária; reflorestamento e recursos florestais; indústria automobilística, e telecomunicações e energia elétrica.
'À agropecuária deverá ser a área que mais atrairá investimentos japoneses principalmente de longo prazo", diz.
Ele destaca que o Brasil é o país com maior potencial para o desenvolvimento de atividades agropecuárias do mundo.
'À iniciativa privada japonesa poderia fazer investimentos de porte em infra-estrutura, principalmente para armazenagem e transporte de grãos", diz.
Para ele, a segunda área que mais atrairá o interesse de empresas japonesas deverá ser a de exploração, beneficiamento e transformação de recursos florestais.
Na área de manufaturados, Fukushima diz que o setor de peças e componentes automobilísticos oferce boas oportunidades para investimentos de empresas japonesas.
O Brasil, afirma, deverá ampliar a produção atual de 1,6 milhão de veículos para 3 milhões dentro de 7 ou 8 anos, o que demanda recursos superiores a US$ 10 bilhões.
"É difícil para as montadoras investirem tudo isso sozinhas, abrindo a possibilidade de empresas japonesas especializadas em peças e componentes investirem nesta área dividindo os negócios horizontalmente".
Fukushima afirma que as áreas de telecomunicações e energia elétrica também oferecem boas oportunidades para as empresas japonesas investirem em associação com empresas norte-americanas, européias e brasileiras, principalmente "devido às perspectivas de abertura desses setores para a iniciativa privada".
(ACS)

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