São Paulo, quinta-feira, 19 de outubro de 1995 |
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Sadia explora mudança alimentar
ANTONIO CARLOS SEIDL
Em suas viagens ao Japão, Furlan notou que os japoneses consumiam cada vez mais proteína animal, mudando significativamente seu cardápio a base de carne suína, legumes e vegetais. Furlan atribui ao turismo, 11 milhões de japoneses viajam ao exterior, por ano, a "ocidentalização" do paladar oriental. Após uma pesquisa confirmar que o consumo de frango e de outras carnes ia aumentar crescentemente no Japão, Furlan decidiu 'àpostar valiosas fichas no consumidor japonês". Em 1991, a Sadia abriu um escritório "enxuto" em Tóquio, dirigido por um nissei, para disputar um espaço nas vendas de cortes de frango ao mercado japonês. "Hoje, o Japão é o nosso sexto principal mercado", diz. Na raiz do sucesso da investida da Sadia no mercado japonês, está a preocupação em atender as peculiaridades culturais dos novos clientes. 'Àlguns produtos foram desenvolvidos especialmente para o mercado japonês, técnicos japoneses vieram a nossas indústrias para fazer treinamento dos cortes". Hoje, a Sadia é fornecedora de produtos "sob medida" para o mercado japonês. Entre os produtos feitos sob encomenda para os japoneses, Furlan destaca como o mais curioso, a "tulipa", feita da ponta da asa do frango, degustada como aperitivo nos salões japoneses. " Da ponta da asa do frango, tira-se o osso menor. Empurra-se toda a carne para uma ponta do osso maior, ficando como se fosse um pirulito, pega-se com a mão, facilitando o consumo", explica. Além das carnes de frango, a Sadia vende também víscera de suíno cozida, tripa cozida, útero de suíno e carnes industrializadas. O contato da Sadia com a cultura empresarial japonesa levou a empresa a adotar os programas de qualidade total no estilo japonês. Furlan destaca o nível "muito baixo" de improvisação, "o contrário do que acontece aqui", como a a principal lição que um empresário brasileiro pode aprender com os japoneses. A Sadia adota o estilo japonês com a assistência da Fundação Christiano Ottoni, de Minas Gerais. Para Furlan, a influência do modelo industrial japonês não é apenas a melhoria da qualidade do produto, mas também do processo, com o fim de desperdícios. "Nós na Sadia estamos empenhados na implantação da qualidade total japonesa, nossos principais executivos, todos foram treinados nos últimos quatro anos no Japão". diz Texto Anterior: Japão ainda desconfia do Brasil depois de cem anos Próximo Texto: Japão quer importar autopeças brasileiras Índice |
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