São Paulo, quinta-feira, 19 de outubro de 1995
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Espanha decide investigar premiê

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Senado da Espanha aprovou ontem a criação de uma comissão parlamentar para investigar o envolvimento do primeiro-ministro do país, Felipe González, com esquadrões de morte contra separatistas bascos.
A proposta foi aprovada por um voto de diferença (128 a 127). O premiê nega que teve conhecimento das atividades dos Grupos Antiterroristas de Libertação (GAL), que atuaram entre 1983 e 1987.
González estava ontem no Brasil. À noite, quando a criação da comissão foi aprovada, ele participava de um jantar com o presidente Fernando Henrique Cardoso.
Ele divulgou declaração em que chamou a investigação de um "erro que iria diminuir a crença pública na Justiça e criar confusão". À Folha, disse que "a Espanha tem periodicamente a necessidade de imolar alguém na fogueira para que todos se sintam purificados".
Ex-investigadores e ex-aliados do premiê o acusam de ter conhecimento dos grupos, que causaram a morte de pelo menos 26 pessoas no sudoeste da França.
O objetivo dos esquadrões era atingir o ETA (sigla em basco de Pátria Basca e Liberdade), os separatistas do País Basco (nordeste da Espanha e sudoeste da França).
O governo teria financiado os esquadrões por intermédio do Ministério do Interior.
A proposta aprovada ontem foi apresentada pelo Partido Popular (conservador), de oposição, favorito para as eleições nacionais que devem ocorrer em março de 1996.
O governo socialista obteve votos dos catalães (que haviam rompido com González) contra a comissão. Opositores de esquerda e direita votaram pela investigação.
No dia 5 de outubro, os deputados rejeitaram a abertura da investigação contra González.
A Corte Suprema de Justiça deve decidir em breve se há indícios para pedir que o Parlamento levante a imunidade de González.
O ministro de Administrações Públicas da Espanha, Joan Lerma, disse que a comissão vai "se utilizar da propaganda política em prejuízo da verdade".
Os ex-ministros Narcís Serra (Defesa) e José Barrionuevo (Interior) também serão investigados.
A comissão será formada por 14 membros do PP, 13 do PSOE (de González), 2 do partido catalão e 4 de outros partidos.

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