São Paulo, quinta-feira, 19 de outubro de 1995 |
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Radicais dão um ultimato ao governo da França
VINICIUS TORRES FREIRE
Se as condições não forem atendidas, a onda de atentados vai continuar, disse o GIA. O grupo é um conjunto de grupos guerrilheiros que combate o governo militar argelino acusado pela França de ser autor e inspirador dos atentados deste ano na França. As reivindicações do GIA foram publicadas no "Acharq Al Ausat", um dos dois jornais em língua árabe publicado na Inglaterra. Segundo o "Al Ausat", a autenticidade do comunicado foi "checada e confirmada por autoridades" (não diz quais). O governo francês se recusa a comentar o assunto. TVs francesas disseram que "fontes policiais e governamentais" acreditam na autenticidade do documento. O comunicado supostamente assinado pelo GIA foi divulgado um dia depois do oitavo atentado cometido na França este ano. Uma bomba explodiu às 7h05 de segunda entre as estações Musée d'Orsay e Saint Michel do metrô de Paris, ferindo 29 pessoas. Os oito atentados (ou tentativas) mataram sete pessoas e feriram outras 162. Segundo a polícia, o ataque de ontem reforçou a hipótese de que existiriam pelo menos dois grupos terroristas agindo na França. Um, que teria cometido o atentado de ontem, seria formado por "profissionais" enviados à França. O outro, inspirado e instruído por vídeos do GIA, seria formado por "amadores pobres", jovens de origem árabe das periferias pobres de grandes cidades francesas. Neste fim-de-semana, está previsto um encontro entre Chirac e Zéroual em Nova York, durante as comemorações do 50 anos da ONU. Chirac disse que não vai dar apoio a Zéroual, mas "observará" ao presidente argelino que a saída para a crise é política. Jornais franceses de ontem disseram que a França optou por apoiar a política de Zéroual. No dia 16 de novembro, ocorre o primeiro turno da eleição presidencial argelina, tida como farsa e boicotada pelos principais partidos políticos. Zéroual, favorito, é um dos quatro candidatos. A Argélia está em guerra civil desde o começo de 1992, quando um golpe cancelou eleições vencidas pelos partidos islâmicos. O governo francês anunciou que vai substituir a polícia por soldados das Forças Armadas na vigilância de cerca de 4.000 pontos considerados de "alto risco". Pediu aos franceses que saiam da Argélia e recomendou aos jornalistas que não viajem ao país. Texto Anterior: Cansaço atinge líder palestino Próximo Texto: Paco Rabanne se inspira em Gucci Índice |
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