São Paulo, sexta-feira, 20 de outubro de 1995
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Esquema de Arrieta é investigado na Fazenda

Funcionário da Receita também teria sido subornado

SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

A Procuradoria da República acusa o empresário argentino Cesar Arrieta de subornar funcionários da Receita Federal e do Ministério da Fazenda em troca de privilégios fiscais e informações reservadas.
A acusação foi feita, em Brasília, pelos procuradores da República Alex de Miranda e Artur Gueiros, que investigam as fraudes na Previdência Social.
A análise pelos procuradores, em Brasília, dos documentos da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Câmara dos Deputados que investigou o "esquema Arrieta" indicou a existência de pagamento de propinas a servidores do Ministério da Fazenda e da Receita no Rio e em Brasília.
Pelo menos um funcionário da Fazenda já foi identificado. Seu nome está sendo mantido em sigilo pelos procuradores.
Na conta bancária do acusado, teriam sido depositados cheques de Arrieta e da secretária Regina Maria de Souza Lopes, foragida desde a decretação judicial de sua prisão preventiva, na semana passada.
Preso no Rio há 13 dias, Arrieta, 44, responde na Justiça Federal a processos em que é acusado de praticar corrupção ativa e de formar quadrilha com o objetivo de fraudar a Previdência.
A PF (Polícia Federal) investiga em inquérito a suposta atuação de Arrieta nos crimes de estelionato, falsidade ideológica e uso de documentos falsos.
Segundo a Procuradoria da República, Arrieta teria fraudado o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) em US$ 3 bilhões.
O procurador Miranda, 40, disse que denunciará o funcionário da Fazenda por corrupção passiva, no mesmo processo da 13ª Vara Federal no Rio que já acusa Arrieta, Regina, Marco Antônio Gervazoni, Edmundo Noronha e Altamiro Fiel D'Oliveira -os três últimos, sócios do argentino.
Os procuradores examinaram também documentos com números e quantias que, segundo eles, seriam provas de que Arrieta mantinha um "caixa dois" em suas empresas. O objetivo desta contabilidade clandestina seria burlar o fisco.
A análise do "caixa dois" poderá dar aos procuradores os valores da movimentação financeira de Arrieta, sócios e empresas.
"Poderemos estimar o quanto eles movimentaram e avaliar o rombo que deram na Receita Federal", afirmou o procurador Gueiros, 28.
O advogado de Arrieta, Sérgio do Rego Macedo, afirma que seu cliente é inocente das acusações que lhe são dirigidas pela CPI e pelo MPF (Ministério Público Federal).

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