São Paulo, sexta-feira, 20 de outubro de 1995
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Até Pelé tenta reverter votos com telefonemas

GABRIELA WOLTHERS; GUILHERME EVELIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Até o ministro extraordinário dos Esportes, Pelé, foi acionado pelo governo para ajudar na mobilização com o objetivo de superar as resistências contra o projeto do governo de reforma administrativa na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara.
Na última quarta-feira, Pelé telefonou para o deputado Jair Siqueira (PFL-MG) para tentar convencê-lo a apoiar o fim da estabilidade dos funcionários públicos, ponto considerado fundamental pelo governo na reforma.
Nem os argumentos do "rei" conseguiram seduzir o deputado. "Voto com o governo em tudo, menos na questão da demissão dos servidores", disse Jair Siqueira. Na terça-feira à noite, o deputado já havia resistido aos apelos de outro ministro: Paulo Paiva (Trabalho).
Os dissidentes da base governista na CCJ demonstram ser mesmo duros na queda ao resistir ao assédio do governo. Também na terça-feira, o secretário-geral da Presidência, Eduardo Jorge, ficou 40 minutos no telefone, argumentando com o deputado Vicente Cascione (PTB-SP).
Como ocorrera antes com os ministros Nelson Jobim (Justiça) e José Serra (Planejamento), Eduardo Jorge acabou também fracassando na tentativa de reverter o voto de Cascione.
Outro difícil de convencer foi o deputado Gerson Peres (PPB-PA), da base governista que vota contra a quebra da estabilidade dos funcionários públicos.
Peres recebeu telefonemas de Jobim, Serra e do governador do Pará, Almir Gabriel (PSDB). Ontem, recebeu a visita do governador de Sergipe, Albano Franco (PSDB). Não cedeu um milímetro.
O ministro Nelson Jobim criticou em Belo Horizonte a atuação da CCJ: "A comissão não pode ser um obstáculo para que o país debata essa matéria."
(Gabriela Wolthers e Guilherme Evelin)

Colaborou a Agência Folha, em Belo Horizonte

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