São Paulo, sexta-feira, 20 de outubro de 1995
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Governo da Espanha joga Parlamento contra Justiça

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo espanhol acusou o Parlamento de tentar desmoralizar o sistema judicial do país. O conflito acontece por causa de decisão, tomada anteontem pelo Parlamento, de investigar o premiê Felipe González.
González já sofre investigações da Justiça. Ele é suspeito de ter consentido que os GAL (Grupos Antiterroristas de Libertação) matassem separatistas bascos.
"Consideramos que a decisão envolve o risco de interferência na administração da Justiça", disse o ministro da Defesa, Gustavo Suárez Pertierra.
Os separatistas mortos pertenciam ao ETA (Pátria Basca e Liberdade, no idioma basco). Eles lutam pela independência da região, que fica no norte da Espanha e no sul da França.
Nos próximos dez dias, o Senado vai designar os 32 membros de uma comissão para conduzir as investigações -semelhante às Comissões Parlamentares de Inquérito brasileiras.
A defesa do governo veio também no próprio Senado: "Não vamos aceitar que a comissão se torne um elemento de propaganda política para uso eleitoral".
Por causa das denúncias, González perdeu no Parlamento os apoios de que necessitava para governar e se viu obrigado a realizar eleições antecipadas, provavelmente em março.
O Partido Socialista Operário Espanhol, no governo, considera a investigação uma vingança do Partido Popular (direita, o principal da oposição). "A comissão é um êxito para a democracia, para o estado de direito e para a transparência", disse José María Aznar, líder do PP.
Foi a vitória mais expressiva da oposição espanhola nos quase 13 anos de governo socialista na Espanha. O PP quer o depoimento de González e dos ex-ministros da Defesa Narcís Serra e do Interior José Barrionuevo.
Barrionuevo disse que os conservadores não terão nenhum ganho com a decisão, que chamou de "vitória aparente".

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