São Paulo, sábado, 21 de outubro de 1995
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Deputados do PT querem trocar de dirigente

CLÓVIS ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL

Um grupo de 24 deputados federais do PT, representando todas as tendências internas, divulgou ontem "carta aberta" ao partido que na prática é um pedido para que se destitua o secretário-geral, Cândido Vacarezza.
O grupo (praticamente a metade dos 49 deputados do PT) quer que Vacarezza seja substituído por um nome que simbolize o que consideram "um quadro de equilíbrio entre as diferentes correntes internas" surgido no Encontro Nacional do partido realizado em agosto.
Se o apelo não for atendido, os parlamentares apontam o risco de "enormes prejuízos à nossa unidade".
Assinam o documento deputados de todas as correntes, de Eduardo Jorge (tido internamente como de "direita") a Ivan Valente, talvez o mais à esquerda no complexo xadrez interno petista, passando pelo líder da bancada, Jacques Wagner.
Crise
A "carta aberta" é a mais forte evidência de que a crise interna aberta no partido antes do Encontro Nacional não se encerrou e até se agravou depois dele.
O encontro, máxima instância decisória no esquema petista, revelou de fato equilíbrio entre as correntes, com leve maioria para o grupo "Unidade na Luta", que acabou elegendo o novo presidente nacional, o ex-deputado José Dirceu.
Mas o grupo mais à esquerda obteve 46% dos votos e, por isso, defendeu (e defende) uma participação proporcional na Executiva (a instância que dirige o partido).
A proporcionalidade adviria da designação de um membro desse conglomerado de tendências esquerdistas para a secretaria-geral, o segundo principal cargo, após a presidência.
O nome indicado foi o de Joaquim Soriano, da tendência "Democracia Socialista", vetado pelo grupo vencedor.
O impasse levou o principal líder petista, Luiz Inácio Lula da Silva, a sugerir o nome do deputado federal Arlindo Chinaglia, mas o grupo "Unidade na Luta" acabou indicando mesmo Vacarezza.
Agora, vem a reação de uma fatia significativa da bancada federal ante o que a "carta aberta" chama de "situação anômala".
Assinam o documento: Arlindo Chinaglia, Jacques Wagner, Miguel Rossetto, Tilden Santiago, Ana Júlia, Domingos Dutra, José Friscth, Maria Laura, Fernando Ferro, João Coser, Carlos Santana, Adão Pretto, Luciano Zica, Milton Mendes, Ivan Valente, Eduardo Jorge, Milton Temer, Nilmário Miranda, João Fassarella, Chico Ferramenta, Padre Roque, Paulo Bernardo, Hélio Bicudo e Sandra Starling.

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