São Paulo, sábado, 21 de outubro de 1995 |
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Trabalho infantil Relatório sobre o trabalho infantil no Brasil, divulgado nos Estados Unidos, indica que 3 milhões de crianças entre 10 e 14 anos trabalham na área rural, muitas delas expostas à insalubridade. Considerando-se que, segundo dados do IBGE relativos a 1991, havia no país aproximadamente 17 milhões de crianças nessa faixa etária, pode-se estimar que por volta de 18% delas estejam em alguma atividade produtiva, submetidas a um regime igual ou muito próximo ao da escravidão. Afrontando preceitos constitucionais e o Estatuto da Criança e do Adolescente, a inserção prematura desse elevado contingente infantil na atividade econômica decorre hoje, em larga medida, das miseráveis condições de vida em que se encontram, ao que se acrescentam o pequeno alcance das políticas públicas voltadas à infância e a ainda incipiente participação da iniciativa privada em projetos sociais. Pode-se argumentar que, a despeito de sua ilegalidade, o trabalho infantil no campo representa um mal menor se comparado ao destino de marginalidade urbana que, infelizmente, está reservado às crianças que não têm hoje acesso à educação escolar e a uma vida familiar minimamente estruturada. Entretanto, o definitivo acomodamento de adolescentes rurais às condições insalubres de um trabalho precoce que ocupa todo o seu dia compromete seriamente suas perspectivas futuras. O desafio principal está pois em fugir do hediondo impasse entre o mal menor e o maior e fazer das preocupações com a educação infantil não apenas uma peça de retórica. Texto Anterior: Safras erráticas Próximo Texto: O passado por um fio Índice |
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