São Paulo, sábado, 21 de outubro de 1995
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O passado por um fio

Há poucos anos a taça que a seleção brasileira de futebol conquistara no Campeonato Mundial do México, em 1970, foi roubada da sede da CBF, no Rio de Janeiro, e derretida no Paraguai. Restou a réplica, a única que deveria ter estado exposta na Confederação desde a conquista do título.
Se assim é com o futebol, esporte de grande adesão popular, parece difícil supor que, por enquanto, melhor sorte esteja reservada à preservação das obras de arte.
A apreensão da imagem de Nossa Senhora das Mercês, do escultor barroco Aleijadinho, na casa de um colecionador paulista, bem como a suspeita de que dezenas de outras peças históricas estariam indevidamente nas mãos de particulares, denunciam -espera-se que ainda a tempo- a completa falta de um conhecimento detalhado e de uma política de salvaguarda do patrimônio histórico e artístico no país.
É fundamental haver garantias de que essas obras não foram objeto de receptação em algum momento de sua existência. Mas o único meio de evitar o crime consiste em proceder a um minucioso inventário do repertório artístico que, no parecer dos especialistas, for considerado fundamental para a caracterização da história e da cultura.
O adiamento dessa tarefa coloca em risco a preservação de acervos, como o do barroco mineiro, cuja riqueza é hoje, com toda razão, reconhecida internacionalmente.

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