São Paulo, domingo, 22 de outubro de 1995
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NA PONTA DA LÍNGUA

MARCELO LEITE

Gostaria de entender o que está acontecendo com hífens e travessões. Os jornais -não só a Folha- e revistas resolveram desconhecer a importante distinção entre esses dois sinais gráficos, contribuindo para reforçar a sensação de que a negligência é regra quando se trata de língua portuguesa.
É um detalhe, certo. Dou-me porém ao trabalho de explicar a diferença, uma vez que muita gente parece desconhecê-la. O hífen é o tracinho mais curto (-), mais ou menos a metade do avantajado travessão (-), que bem merece o aumentativo.
O primeiro serve para separar os termos de palavras compostas, como "tira-teima", ou verbos conjugados com pronomes, como "esmera-se". (Outros dirão que serve para unir, mas dá na mesma.)
Travessão é sinal de pontuação -nada tem a ver com substantivos compostos. Anda muito em voga, como substituto indevido de parênteses e de dois pontos, mas com frequência se vê reduzido (graficamente) a um reles hífen -inaceitável rebaixamento.
Os leitores podem concluir por minha desnecessária meticulosidade, não importa. O fato é que não vejo como reprimir uma genuína impressão de logro -fugaz, por certo- ao deparar todo dia com enormidades como "PFL-BA", "encontra-se", "morto-vivo".

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