São Paulo, domingo, 22 de outubro de 1995
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Ministro diz que está 'engolindo muitos sapos'

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Se o novo imposto parece pouco palatável para o contribuinte, o ministro Adib Jatene está fazendo seu sacrifício: “É preciso engolir muito sapo”. Acostumado a fazer origamis enquanto conversa, ultimamente ele tem preferido justamente os sapos.
Segundo o ministro, os recursos previstos pelo programa de Fernando Henrique Cardoso para a saúde eram insuficientes:

EFICIÊNCIA
Ma falam do sistema de saúde na França, do sistema de saúde na Inglaterra. Me cobram um sistema de saúde tão eficiente quanto o sistema da França. Lá eles investem US$ 1.800 por habitante ao ano só em saúde. Aqui nós investimos US$ 129. Se me derem US$ 1.800 vocês vão ver o que é qualidade.

FINANÇAS
Quando eu assumi, a impressão que eu tive é que o orçamento era satisfatório. Não contava com algumas contas que não estavam previstas na rubrica dos restos a pagar e que acabaram somando 3 bilhões. Em todas as instituições que administrei, tratei primeiro de resolver a situação financeira. Se tenho recursos eu faço, se não tenho, não faço. A briga pelo CPMF surgiu de meu inconformismo com a falta de dinheiro para a saúde.

PROGRAMA
Ninguém foi iludido (ao responder por que o programa de governo não fala sobre a CPMF), o caso é que temos que admitir que a proposta do programa de governo para a saúde (R$ 80 por habitante/ano) se mostrou um pouquinho modesta. O problema da saúde está aqui (ele mostra o orçamento), é a falta de dinheiro.

OTIMISMO
Sem o dinheiro da CPMF, só com os recursos atualmente previstos no Orçamento para o ano que vem, é impossível administrar a saúde. Mas eu sou otimista e acho que esse imposto será aprovado. Caso não seja teremos que trabalhar para encontrar uma outra fonte de recursos.

ORQUESTRAÇÃO
Falam que eu só me preocupo com a situação financeira. Na verdade esse assunto está tomando mais tempo do que eu queria, mas quem tem que fazer isso aqui no ministério sou eu. A orquestração que se faz contra a CPMF tem outros motivos (referindo-se à possibilidade de o governo ter acesso às operações bancárias).

SAPOS
Ultimamente o meu origami preferido é o sapo. Acho que é porque venho engolindo muitos sapos.

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