São Paulo, domingo, 22 de outubro de 1995
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FHC afirma que insistirá em demissões

<UN->CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O governo não abre mão da idéia de poder dispensar funcionários públicos, mas também não abre mão de dar garantias para que não haja perseguições políticas aos servidores.
Foi o que disse ontem, em Washington, o presidente Fernando Henrique Cardoso sobre a proposta de vários deputados levada a ele pelo líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira, para estabelecer uma forma parcial de estabilidade ao funcionalismo.
A proposta dá estabilidade a funcionários com mais de dez anos de casa, que tenha sido contratados por concurso e que trabalhem em Estados ou municípios nos quais a folha de pagamento não exceda 60% do orçamento.
Segundo o presidente, no momento não se deve discutir o mérito do projeto, mas apenas se ele é constitucional ou não. FHC disse estar convencido de que ele é constitucional.
Ele acha que a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara “não deve privar o Congresso e o país” de um debate sobre o tema. Se isso acontecer, ele diz que vai “respeitar mas discordar” da decisão.
Caso a CCJ considere o projeto constitucional, “os parlamentares devem decidir se ele deve ser inserido na Constituição ou ser objeto de lei complementar”, disse o presidente.

Flecha de Lima
FHC foi a Washington para visitar o embaixador do Brasil Paulo Tarso Flecha de Lima, que em 25 de agosto sofreu hemorragia cerebral e depois foi submedito a duas cirurgias.
O presidente disse que sua viagem a Washington foi “um gesto de amizade e de respeito” ao embaixador, “pelos serviços que ele prestou à nação”.
Para FHC, “nunca as relações entre Brasil e EUA estiveram em ponto de tão alta tranquilidade como agora” e que “isso se deve em grande parte à ação do embaixador Flecha de Lima"
Afirmou ter ficado “positivamente surpreendido” com as condições de Flecha de Lima e seguro de que “ sua ação vai continuar em plena forma”.
FHC se reúne hoje à tarde com o presidente Bill Clinton durante as sessões comemorativas ao cinquentenário da Organização das Nações Unidas. Segundo ele, “a conversa será em aberto, sem pauta determinada”.
Sobre a possibilidade de o Brasil vir a integrar o Conselho de Segurança da ONU ampliado, Fernando Henrique disse que “nenhum país se candidata a uma vaga no Conselho, e o Brasil é candidato só a participar ativamente da ONU.”
A questão do Conselho de Segurança, órgão mais importante da ONU, atualmente composto por apenas cinco membros permanentes (EUA, Rússia, Reino Unido, França e China), é um dos destaques da reunião que começa hoje.
FHC disse que o assunto “não é obstáculo para as relações entre Brasil e Argentina” e que os dois vão tratá-la “como bons amigos”.
O presidente ficou na casa de Flecha de Lima durante duas horas. Às 12h30 locais (14h30 em Brasília) foi para a Base Aérea de Andrews, sem saber a que horas voltaria a Nova York, onde os aeroportos estavam fechados.
A agenda de FHC para ontem à tarde estava livre, e ele tinha feito planos de realizar programas culturais “que presidentes normalmente não fazem”.
À noite, ele planejava comparecer a jantar oferecido pelo prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, a todos os 183 chefes de Estado ou de Governo presentes ao encontro da ONU, exceto Fidel Castro, de Cuba.

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