São Paulo, domingo, 22 de outubro de 1995
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Fã de Glauber vê Van Damme com o filho

PATRICIA DECIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Fã de Glauber Rocha e do Cinema Novo (movimento brasileiro dos anos 60), Marisa Mendes Machado, 50, às vezes tem que encarar exibições de kickboxing de Jean-Claude Van Damme em companhia do filho Jomo, 16.
Ele adora superproduções e filmes de ação. "Gosto de ver umas coisas que não precisa pensar muito, que são besteira, só para relaxar", diz.
Esse conflito de gerações cinematográfico não preocupa a funcionária pública. "Detesto esses filmes, mas acho que é só uma fase que vai passar. Assistir é uma maneira de fazer com que ele me acompanhe aos cineclubes para ver filmes melhores", diz.
Na última semana, ela carregou o filho para assistir a "A Arquitetura da Destruição", um documentário sobre o nazismo exibido numa série de filmes sobre arte.
Jomo também diz não se importar com a participação da mãe nas escolhas cinematográficas. "Ela respeita meus gostos, nunca me proibiu de ver nada."
Por influência de Marisa, acaba vendo filmes que não entende muito bem, como "Apocalypse Now", de Francis Ford Coppola. "Gostei porque mostra como era no Vietnã, todo mundo meio louco, mas não entendi muita coisa."
Quando era dois anos mais velha que Jomo, em 1968, Marisa escrevia críticas sobre os filmes do francês Jean-Luc Godard para o jornal da universidade.
Frequentadora assídua da Sala Cinemateca, ela já fez sua programação para ver a Mostra Internacional. "Não perco nenhum ano."
Para Marisa, quem não consegue assistir e compreender esse tipo de filme está numa "eterna imaturidade". Segundo ela, o cinema norte-americano sofre de "empobrecimento cultural".

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