São Paulo, domingo, 22 de outubro de 1995
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Professor quer ver 15 em 1 semana

PATRICIA DECIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Filmes "de porrada", com protagonistas doentes ou no estilo "novelão", fazem o professor Ney Alves, 38, passar longe da entrada do cinema. "Já fizeram 'O Enigma de Kaspar Hauser' e 'E o Vento Levou...'. Para quê vou assistir 'Nell' ou 'Lendas da Paixão'?"
Quando vai ao cinema, ele procura boas histórias que "acrescentem alguma coisa". "Gosto de diálogos inteligentes", afirma. Seus preferidos foram feitos durante as décadas de 40 e 50.
"A Malvada", com Betty Davis, ele já viu quase 20 vezes. "São filmes que têm uma trama quase teatral, não precisam de explosões ou outros artifícios para te conquistar", afirma.
Com a falta de opções desse gênero no circuito, ele vê mais filmes europeus. Nesta semana, já reservou os horários para ver os filmes da Mostra Internacional. "Vou assistir a uns 15", diz.
Depois da sessão, o café no Fran's Café acompanhado de um cigarro é fundamental. Se está com amigos, o programa é ir para um bar como o Ritz para discutir.
O bate-papo, segundo Alves, acaba sendo recheado por comentários sobre tomadas de câmera, "closes", "travellings" e o simbolismo das imagens.
"O extremo desse comportamento pode até parecer chato. Mas, entre um gosto radical por filmes de arte e outro radical por filmes de violência, prefiro o primeiro sem dúvida", diz.
Elizabeth Keiko Okuda, 23, formada em cinema pela USP, diz que, apesar de estar em um "meio-termo" nas preferências, acaba optando por filmes mais intelectuais.
O país de origem é um dos principais fatores que a fazem escolher o que assistir, junto com o diretor. "Quanto mais estranho melhor. Se tem alguma coisa da Tunísia ou de Taiwan, com certeza vou ver", afirma. A justificativa é pura curiosidade. "É legal saber o que se produz em países tão diferentes."
Atualmente ela está na fase "cinema japonês", mas já passou pelos filmes espanhóis, pelos iranianos e pelos da europa oriental.
Seu filme preferido, "O Inquilino", de Roman Polanski, foi o primeiro que "despertou sua inquietação".
"Também gosto dos norte-americanos. Ver filme de ação é um passatempo. É como ir a uma festa", afirmou.

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